Dossier 303: José Mário Branco, a voz da inquietação

Confessei ao Zé Mário o meu arrependimento [por não ter cantado com ele em Lisboa] e ele disse-me: "tranquilo pá… existirão outras oportunidades!!". Mas nunca mais existiram… ou talvez sim! Ainda ontem cantei que “A cantiga é uma arma” (contra a burguesia) no Val do Límia. E continuarei a cantar!! Por Xose Constenla.

“Se decidirem mudar de vida, contem comigo. Eu não esqueci que A Cantiga é uma Arma. Mas a cantiga só é arma quando a luta acompanhar”. Ouça o áudio e leia aqui a transcrição da mensagem enviada por José Mário Branco aquando da projeção, no Desobedoc, em abril de 2014, do filme “Mudar de Vida, José Mário Branco, Vida e Obra”, de Pedro Fidalgo e Nelson Guerreiro.

Sim, foi um músico genial, exigentíssimo, inventor da maravilha em meia dúzia de acordes e em arranjos dissonantes. Sim, foi um poeta da música raro, militante da palavra ardente, às vezes mordaz outras vezes emocionante, sempre desinstalador. Por José Manuel Pureza

José Manuel Pureza

Lisboa vai ser homenageada com o nome José Mário Branco numa das suas ruas, praças ou avenidas. Numa conferência em 2018, organizada pelo Bloco de Esquerda, falou sobre o processo de criação. Retirei umas notas que vale a pena deixar aqui. Por Tiago Ivo Cruz

Tiago Ivo Cruz

O maior criador de música portuguesa de todos os tempos, a par de José Afonso, saíu de cena, mas não morreu... Porque os génios vivem para sempre! Por Carlos Vieira

Carlos Vieira

O Zé Mário não é só um músico, eu vejo-o como um construtor de canções, um “influenciador” dando sempre de si a outros artistas que por sua vez nos deram a nós grandes momentos de Cultura. Por Helena Pinto

Helena Pinto

Abril, mês de todos os sonhos, todos os projectos, todos os delírios. E lá andava o Zé Mário em todas as frentes e, sobretudo, na frente da música. Por José Fanha.

Dou conta de três situações que vivi e deixam, na minha opinião, bem palpável a enorme personalidade de um músico, criador de múltipla expressão e imenso homem de palco, assim como o permanente compromisso de um lutador sem concessões. Por Carlos Méixome.

O Zé Mário Branco fica para sempre no melhor deste povo da Galiza, consciente da sua dependência colonial, dos seus direitos negados e da pilhagem económica, linguística e cultural, com o qual foi tão solidário. Por Antón Mascato.

Escorado nessa amizade, fui acompanhando o seu percurso no Teatro do Mundo, na UPAV e noutros palcos, admirando-lhe a criatividade, a musicalidade e a oratória, postas ao serviço de uma cidadania inteira e vertical. Por Manuel Pedro Ferreira.

Foi através da permanente inquietação por saber que a fome e a sede existem, a do estômago e a de viver, que José Mário Branco se apaixonou pela música e com ela fez caminho até há pouco. Por Pedro Fidalgo.

Em declarações ao esquerda.net, o compositor e intérprete musical Luís Cília refere que Zé Mário era "um excelente compositor de canções": "Isso é o principal. Mas, a vários níveis, o Zé Mário Branco teve um trabalho muito importante", frisa.

A resposta do meu pai foi uma das maiores lições de humanidade que recebi na vida. Partilho agora com vocês uma parte desta mensagem. Façam bom uso dela! Por João Branco.

O trabalho, a vida do Zé Mário, são demasiado importantes, demasiado essenciais para nos limitarmos a admirá-lo ou, mesmo, a venerá-lo, do que ele não gostaria mesmo nada… Por Mário Tomé

Mário Tomé

Em declarações ao esquerda.net, Afonso Dias, que foi um dos fundadores do Grupo de Acção Cultural (GAC), afirmou que José Mário Branco, a par de ser um músico, arranjador e criativo brilhante, era um “cidadão livre e independente”.

Quero recordar o que me disse uma vez o Zé Mário acerca da música do Zeca: “é uma questão de higiene ouvir toda a discografia do Zeca, e eu faço-o pelo menos uma vez por ano”. Foda-se que tenha de ser tão duro passarmos a ter mais uma discografia para ouvir todos os anos, por questão de higiene. Por Carlos Guerreiro.

José Mário Branco, operário das artes do espectáculo; nem mais, um operário. Um mestre como os mestres que admiravas, sapateiro, padeiro, pescador, mestres da vida na arte da presença. Por Rui Júnior.

Este dossier é a singela homenagem do esquerda.net ao artista, cantor, compositor e lutador contra as opressões. É um dossier com textos publicados após o falecimento, mas também com documentos publicados anteriormente no esquerda.net

José Mário Branco foi muito mais do que cantor de intervenção. É inquestionavelmente um homem com uma cultura musical abrangente, o melhor arranjador de Música Popular, compositor de novos fados singular, como provam os trabalhos discográficos com a sua mão, ouvidos e sensibilidade para Camané. Por Soraia Simões de Andrade.

Soraia Simões de Andrade