Um dia, há uns anos, em que estava especialmente triste, escrevi à pessoa mais sábia que conheço: o meu pai. Todo o meu texto tinha por base o "eu". "Eu estou assim", "eu sinto-me desta forma", "eu queria que". A resposta dele foi uma das maiores lições de humanidade que recebi na vida. Partilho agora com vocês uma parte desta mensagem. Façam bom uso dela!
"Nunca te esqueças de uma coisa: os estados depressivos têm uma característica nuclear facilmente identificável, que é a de tudo passar a ser tendencialmente "conjugado" na primeira pessoa do singular. Não sou psiquiatra nem psicólogo, mas a vida ensinou-me que quanto menos pensarmos/conjugarmos/nos preocuparmos com o ego, menos atreitos ficamos às depressões. Ao contrário, tentemos aplicar o verso de Pessoa (que é tão verdadeiro!): Só guardamos o que demos."
Obrigado José Mário Branco.
* João Branco - encenador, fundador do Grupo de Teatro Camões: Centro Cultural Português e do Festival Internacional de Teatro Mindelact em Mindelo, Cabo Verde. Filho de José Mário Branco.