Itália

Há cem anos, o deputado socialista foi morto por um bando fascista. Dez dias antes tinha proferido um famoso discurso no parlamento em que defendeu a liberdade e a democracia e confrontou a violência dos partidários de Mussolini enquanto pedia a anulação das eleições.

Railson Barboza

Terão sido 100.000 as pessoas que nas ruas de Roma responderam ao apelo de mais de 200 movimentos sociais e sindicatos. Foi a maior manifestação contra Meloni desde que governa organizada para responder a “um ataque sem precedentes contra os direitos fundamentais e a democracia”.

Em Paris, agradeceu-se a Gisèle Pelicot pela sua coragem e reivindicou-se uma “lei-quadro integral” que inverta o ciclo de promessas não cumpridas sobre violência machista. Em Roma, 150.000 pessoas juntaram-se para “desarmar o patriarcado”, criticando o Governo de Meloni.

As 24 pessoas que foram transportadas para a Albânia voltaram todas a Itália por decisão dos tribunais. Elon Musk pediu o afastamento dos juízes e a oposição italiana quer que Meloni condene a interferência do bilionário recém-nomeado por Donald Trump.

Reduzir as liberdades, visar aqueles que não se enquadram na sua visão de Itália e esvaziar a Constituição de sentido: esta tem sido a realidade do Governo Meloni nos últimos dois anos. Esta é a realidade de uma lenta deriva para o autoritarismo iniciada por governos anteriores e acelerada pela atual maioria.

Romaric Godin

Os primeiros 16 migrantes tinham sido enviados para centros de detenção na quarta-feira, enquanto Von der Leyen gabava o sistema italiano de externalização de expulsão de migrantes. A decisão do Tribunal de Roma compromete os planos de Meloni.

Degelo de glaciares altera cumes das montanha, forçando redefinição de fronteiras. Alguns glaciares na Europa já derreteram completamente, outros estão em risco de desaparecer e alterar permanentemente a topografia do continente.

A confusão surgiu no final de uma “cimeira” destinada a renovar o pacto entre os partidos de Governo, com a Liga a divulgar uma versão diferente do comunicado conjunto.

Militantes da CasaPound, um movimento de referência da extrema-direita europeia, atacaram Andrea Joly do La Stampa quando este filmava uma festa que realizavam na rua. A oposição fala num clima de impunidade e pede que se cumpra a constituição italiana e se ilegalizem os grupos neofascistas.

Em Milão descobriram-se oficinas que fornecem as marcas de luxo com condições de trabalho deploráveis e baixos salários. Ao mesmo tempo, as empresas gastam milhares em marketing para vender a ideia de que os seus produtos são artesanais e que praticam a “responsabilidade social”.

Uma jornalista infiltrou-se na Juventude Nacional, o movimento de juventude do partido da primeira-ministra italiana, e mostra uma realidade de fascismo, antisemitismo e homofobia bem longe das tentativas de mostrar uma imagem de moderação.

Os patrões deixaram-no à porta de casa com um braço decepado numa caixa de frutas. A indignação saiu às ruas e coloca-se em causa o caporalato, o sistema de exploração dos migrantes que, dizem os sindicatos, é acompanhado por “salários de fome, ritmos de trabalho inseguros e desumanos e condições de violência psicológica e física”.

Para além de aumentos de votação importantes da França Insubmissa e do Partido do Trabalho Belga, destaca-se o facto da esquerda italiana ter voltado a ter representação eleitoral com a Sinistra Italiana. Já a Aliança de Esquerda finlandesa obteve 17% e triplicou eleitos.

A primeira-ministra italiana encabeça a lista às europeias e vai à frente nas sondagens. O partido 5 Estrelas negoceia a entrada no grupo dos Verdes e o grupo da Esquerda europeia pode voltar a contar com representação italiana.

Apenas uma mão cheia de neofascistas celebraram este domingo Mussolini no aniversário da sua morte. Mas quando foi eleito primeiro-ministro, choveram elogios liberais por causa do seu plano de austeridade e da repressão do movimento dos trabalhadores.

Clara E. Mattei | Jacobina

Uma nova lei permite o acesso de grupos “pró-vida” a mulheres que pretendem abortar. Um autor antifascista foi “desconvidado” de fazer um monólogo sobre o 25 de Abril na RAI, adensando as críticas à instrumentalização da televisão pública.

As direitas da primeira-ministra, de Salvini e do Força Itália perderam a primeira eleição regional desde que a sua coligação chegou ao poder. O centro-esquerda diz que “os ventos estão a mudar” na politica italiana.

Dunja Mijatovic denuncia violência e criminalização a que são sujeitos ativistas e organizações humanitárias e apela a Estados Europeus para que acabem com a “repressão” de quem ajuda migrantes e requerentes de asilo. Assinado acordo de externalização de fronteiras entre Itália e Albânia.

A única forma de contrariar involuções democráticas, desastres sociais e fragmentação da classe trabalhadora com verdadeira eficácia e participação de massas é a capacidade de combinar a batalha democrática com a batalha social, salários e empregos, no âmbito de um projeto anticapitalista alternativo. Por Franco Turigliatto.

Os aliados do Chega em Itália acham que este crime é demasiado vago e inibe a aprovação de projetos económicos. A Comissão Europeia diz que a proposta “descriminaliza uma forma importante de corrupção”. Magistrados e associações anti-corrupção estão também contra.