Nas últimas semanas, dezenas de cartazes do Bloco de Esquerda com o slogan “Palestina Viva!” têm sido vandalizados por todo o país pouco após a sua colagem, o que o partido considera ser “fruto de uma ação evidentemente concertada, porque generalizada e inédita”.
Um dos autores do vandalismo é Djalme dos Santos, apresentado nas listas de delegados à V Convenção do Chega, em janeiro do ano passado, como o seu militante nº 43131. É um dos elementos mais destacados do grupo extremista Habeas Corpus pelas ameaças proferidas contra autoras de livros ou iniciativas que promovem a diversidade, feitas quer nas redes sociais quer nos próprios locais de lançamento das obras, com o objetivo de impedir a realização dos eventos.
Foi o próprio Djalme dos Santos que se fez filmar a cometer o ato de vandalismo. Antes de arrancar o cartaz, por entre insultos ao Bloco, anunciou que “começa hoje a limpeza e essa limpeza vai-se dar em todo o território nacional”.
Na queixa apresentada ao Ministério Público contra Djalme dos Santos, a associação Habeas Corpus e desconhecidos, o Bloco contabiliza mais de 50 cartazes (mupis) destruídos em 20 concelhos do país.
O mesmo grupo de extrema-direita acompanhou o seu líder - o antigo juiz Rui da Fonseca e Castro, que encabeçou a lista do partido Ergue-te às eleições europeias - a uma ação provocatória em frente à sede do Bloco de Esquerda no passado dia 20 de maio. Além dos insultos contra o Bloco, a ação ficou marcada pela violência do grupo que espancou um transeunte que passava no local, segundo as imagens divulgadas em vários órgãos de comunicação. Também neste caso o Bloco apresentou queixa contra o partido em causa.
Nas últimas semanas, Djalme dos Santos anunciou nas redes sociais que a Habeas Corpus se prepara para intimidar este fim de semana a marcha LGBT de Castelo Branco. E o grupo voltou a publicar uma lista do que apelida de “terroristas LGBTQIA+”, o que levou o Bloco a insistir junto do Governo sobre a razão pela qual a Habeas Corpus ainda não foi desmantelada. Há poucos dias, dezenas de associações apelaram ao Governo para que desmantele o grupo promotor de discurso de ódio. Mas o executivo até agora não tem ouvido estes apelos, que já incluíram editores e livreiros preocupados com a segurança das suas iniciativas.