Síria

Ao intensificar os seus ataques, matando mais membros das forças de segurança do Estado do que desde a queda do regime de Assad e humilhando o governo ao destruir as suas instituições em Damasco, Israel obteve o resultado que pretendia.

Rob Geist Pinfold

O que o regime do HTS fez até agora foi turvar perigosamente as águas, abrindo caminho a vários adeptos regionais da pesca em águas turbulentas, principalmente o Estado sionista.

Gilbert Achcar

Após mais de 10 anos de guerra civil, a população síria está a braços com um processo de recuperação e reconstrução extremamente complicado. Joseph Daher analisa as primeiras medidas do novo governo.

Joseph Daher

Na sequência de ataques de grupos fiéis ao antigo presidente Al-Assad, as forças do novo governo ripostaram matando perto de mil civis. O presidente interino do país promete investigação, o Ministério da Defesa diz que operação militar já acabou, mas no terreno denuncia-se que agressões a civis continuam.

Os resquícios de apoiantes de Assad podem ainda ser uma uma ameaça à democracia? E o novo poder ultra-conservador e neoliberal do HTS? Joseph Daher analisa estes perigos e defende que as classes populares precisam organizar-se para alcançar as aspirações iniciais da revolução síria.

Joseph Daher

Depois da queda de Assad, a esquerda começa a organizar-se abertamente em oposição ao novo poder. Há manifestações, debates, projeções de filmes. Todos os dias, há reuniões e ações organizadas por socialistas, feministas, ONG, artistas, famílias de desaparecidos no sistema prisional de Assad, entre outros.

Omar Hassan

Mal Bashar al-Assad caiu, vários países europeus suspenderam os pedidos de asilo de sírios. Vários políticos de direita estão mesmo a exigir o seu repatriamento. Desde 2011, tinham fugido do seu país 6,6 milhões de sírios.

Malo Janin

Aquilo a que a Turquia chama uma guerra especial é uma luta contra as aspirações do povo curdo. O objetivo é impedir a consolidação da autonomia administrativa no nordeste da Síria e a implementação de processos de reconstrução, bombardeando e destruindo qualquer progresso que possa conduzir a uma melhoria das condições de vida.

Tino Brugos

Netanyahu continua a bombardear a Síria e Gaza enquanto é julgado por corrupção. Em Gaza, bombardeou mais duas escolas. Na Síria, continua a campanha contra alvos militares na costa de Tartus. No fim de semana conversou com Trump sobre “a necessidade de completar a vitória de Israel”.

Quem esperava ou acreditava na transformação do HTS e de Ahmed al-Sharaa, também conhecido como al-Julani, do jihadismo salafita em democracia não-sectária, já começa a perceber que estava a delirar.

Gilbert Achcar

Agora, emergem das masmorras sírias vítimas e relatos escabrosos. Não são uma surpresa. Não são invenções. Não são propaganda. São milhares e milhares de vidas destruídas ao longo de décadas. Não podem dizer que não sabiam.

Carlos Carujo

O Estado sionista está apostado em destruir a capacidade militar da Síria e pretende impor uma zona sem armas nas suas imediações. O seu exército garante não ter avançado para o interior do território sírio enquanto a ONU diz que os ataques e movimentos israelitas no país devem parar.

Nesta entrevista, o académico e ativista suíço-sírio Joseph Daher explica o que aconteceu para que o regime de Assad desmoronasse tão rapidamente, quem são as forças no terreno e as lados imperialistas em jogo. Para ele, estes só têm um interesse comum: impor uma forma de estabilidade autoritária na Síria e na região.

Israel Dutra e Joseph Daher

A Turquia e os seus instrumentos militares na Síria aproveitaram a ofensiva contra Assad para atacar os curdos. Há centenas de milhares de deslocados e combates em várias cidades.

O rápido avanço dos últimos dias concretizou-se esta madrugada com a tomada da capital. Ao fim de 14 anos de guerra, Bashar al-Assad fugiu do país.

Em poucos dias, a Síria transformou-se de novo num teatro de guerra de movimento, no que parece ser um recomeço da última grande deslocação das frentes de batalha que teve lugar em 2016, quando o regime de Assad recuperou o controlo de Alepo com o apoio iraniano e russo e a cumplicidade turca.

Gilbert Achcar

Duas super-potências mundiais e três potências regionais invadiram o pequeno país. Algumas para proteger um regime assassino mas todas destruíram quaisquer aspirações políticas independentes entre o povo sírio, dividindo-o e negando aos sírios a promessa de um futuro diferente. Por Yassin al-Haj Saleh.

As manifestações contra o presidente sírio começaram há mais de uma semana e não abrandam. Para além de respostas à crise económica profunda pede-se a demissão de Assad e o fim do poder do Baath.

Tudo isto é uma tentativa para esmagar a ditadura síria, não por amor aos sírios nem pelo nosso ódio para com o nosso outrora amigo Bashar Assad. Tudo isto tem que ver com o Irão, o que não tem nada a ver com os direitos humanos ou com o direito à vida ou à morte das crianças sírias. Quelle horreur! Por Robert Fisk

Robert Fisk