Há mais de uma semana que não param os protestos contra o regime de Bashar al Assad e o seu partido Baath, no poder na Síria desde os anos 1960. Na província de Sueida, no sudoeste do país, de maioria drusa, que permaneceu sob controlo governamental ao longo da guerra civil, as manifestações pacíficas com várias centenas de pessoas têm sido diárias, a maior parte das instituições públicas têm fechado, os transportes públicos feito greve e muitas empresas só abrem parcialmente.
Grupos de jovens soldaram no domingo a sede do Baath na capital da província enquanto cantavam palavras de ordem como “abdica Bashar, queremos viver com dignidade” e “longa vida à Síria, abaixo Bashar al-Assad. De acordo com a Reuters, “em toda a província, dezenas de sedes locais do partido Baath, cujos funcionários ocupam os cargos governamentais de topo, foram também encerradas pelos manifestantes, tendo os seus quadros fugido”. Os manifestantes rasgam ainda posters com a foto de Assad. Esta segunda-feira também foram fechadas várias estradas provinciais.
O motivo próximo é queda abrupta do valor da libra síria que vale três vezes menos do que o ano passado, com um forte aumento de bens básicos como os alimentares e a eletricidade, assim como a escalada do preço da gasolina. Mas sobretudo exigem-se mudanças de fundo em termos políticos.
#شاهد: الحشود تتزايد في ساحة السير/الكرامة وسط مدينة السويداء، والهتافات تهز المدينة: الشعب السوري واحد.#إضراب_السويداء pic.twitter.com/5nTugTCnaU
— السويداء 24 (@suwayda24) August 28, 2023
Ryan Marouf, editor do portal de notícias local Suwayda 24, explica que se trata de “desobediência civil sem precedentes que atrai um apoio de uma ampla parte de comunidade drusa e dos seus líderes religiosos”. De facto, estes têm abençoado os protestos apesar de não se envolverem diretamente nos apelos ao derrube de Assad.
Para ele, “as pessoas não querem reformas. Este regime não consegue suprir as necessidades dos sírios” e “os protestos despertaram esperança nos sírios”.
Os protestos, acrescenta o Guardian, não se limitam aos drusos nem a Sueida. Estão a juntar pessoas noutros pontos do sul e outras comunidades como os beduínos.
As manifestações têm sido pacíficas e não tem havido intervenção policial apesar desta segunda-feira terem sido disparados tiros para o ar por parte das autoridades, segundo o canal Suwayda 24, quando um grupo de jovens tentou tirar um retrato de Assad.
مراسل السويداء 24: إطلاق نار بالهواء من قوى الأمن المتواجدة على حاجز شهبا، شمالي السويداء، في أثناء محاولة بعض الشباب إزالة صورة الأسد في مدخل المدينة، الواقعة بالقرب من الحاجز. pic.twitter.com/74R4s0ZaM6
— السويداء 24 (@suwayda24) August 28, 2023