“Depois de 18 meses de reuniões infrutíferas com o Ministério da Saúde (MS), tempo em que se percebeu que a maioria da população está ao lado dos médicos e do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Ministro da Saúde admitiu a razoabilidade das propostas entregues pelos médicos, mas, por agora, apenas em palavras”, escreve a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Na véspera de uma nova reunião com o ministério da Saúde, agendada para este domingo, pelas 16h, a FNAM garante que “não aceitará que Manuel Pizarro dê com uma mão para retirar com a outra”.
No encontro, a estrutura sindical continuará a bater-se pela solução que está em cima da mesa, recusando a inflexibilidade da tutela. A esse propósito, a FNAM deixa um alerta: “Os médicos estão unidos, têm a população ao seu lado e sabem, como sabe o Governo, que o MS está isolado caso persista na sua intransigência e os resultados serão, garantidamente, trágicos”.
No que respeita às “linhas vermelhas” nesta negociação, a estrutura sindical é perentória: “A reforma do SNS, e a sua dignificação, só é possível com médicos motivados e respeitados, e devidamente valorizados dada a sua responsabilidade”.
“Mais do que nunca, cabe agora a Manuel Pizarro assumir que é necessário resolver a maior crise em que o Governo colocou o SNS, nomeadamente com a falta de médicos para assegurar escalas da maioria dos Serviços de Urgência do país”, refere a FNAM.
Recusando pôr em risco e “expor os utentes à generalização da sua própria exaustão”, e olhar a Saúde de forma produtivista, a FNAM assinala a sua disponibilidade para assinar um acordo que “dignifique os médicos e o SNS, com reposição do horário de trabalho de 35 horas, das 12 horas de serviço de urgência e atualização do salário base que reponha o poder de compra para os níveis anteriores à troika, para todos os médicos especialistas e internos, de qualquer área profissional”.
Caso não se concretize um “acordo capaz de salvar a carreira médica e o SNS”, a estrutura sindical manterá a convocatória da greve dos dias 14 e 15 de novembro, as manifestações locais no dia 14 e a ida da delegação da FNAM a Bruxelas para reunir com os eurodeputados e a Comissária para a Saúde, Stella Kyriakides.