Em comunicado, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) responsabiliza a política de Saúde que tem vindo a ser praticada pelo Ministério de Manuel Pizarro pelo “dominó de tragédias anunciadas e potenciais eventos fatais que venham acontecer, tendo em conta o encerramento dos Serviços de Urgência de norte a sul do país”.
Segundo a estrutura sindical, nos últimos 18 meses, as políticas de saúde do Ministério da Saúde “têm sido desastrosas, com um arrastar de negociações em negociações sem chegar a um acordo com soluções reais para os médicos do SNS”.
Acusando Pizarro de ser totalmente incapaz de “resolver problemas de gestão institucionais, de norte a sul do país, como acontece na Unidade Local de Saúde do Alto Minho ou no Hospital de Santa Maria, a FNAM assinala que, “perante a ausência de soluções” por parte da tutela, os médicos “estão unidos com o dever de cumprimento dos seus direitos”. Neste contexto, proliferam as declarações de indisponibilidade para fazer mais trabalho suplementar para além do limite legal das 150 horas anuais, “culminando no encerramento de Serviços de Urgência de norte a sul do país”.
“Toda e qualquer tragédia ou evento fatal que venha a acontecer será da inteira responsabilidade de Manuel Pizarro”, destaca a estrutura sindical.
A FNAM defende que “não é legítimo pedir aos médicos ainda mais trabalho suplementar para além dos limites legais, aumentar a jornada de trabalho diária para 9 horas, incluir o trabalho ao sábado como trabalho normal ou perder o direito ao descanso compensatório depois de fazer uma noite, num novo regime de trabalho que escolheram decretar unilateralmente”.
Acresce que “é imprescindível que a atualização das tabelas salariais seja transversal para todos os médicos e sem desigualdades”.
“Queremos maior cuidado com os internos, integrando-os na carreira e melhorando os seus salários para que consigam pagar o custo de vida nos centros urbanos. Os médicos do SNS são os médicos de toda população, querem poder fazer o seu trabalho de forma digna e serem devidamente valorizados para a sua responsabilidade e penosidade”, escreve a estrutura sindical.
A FNAM exige “um Ministro que perceba de Saúde, cujas políticas abandonem a teimosia e a divisão dos médicos, e que tenham a necessária competência e vontade política de incorporar as soluções que os médicos apresentam para uma negociação séria e capaz de chegar à construção de um futuro acordo”.
Na expectativa de que a greve para todos os médicos nos dias 17 e 18 de outubro, na próxima terça, e a manifestação do dia 17, terça-feira, às 15h, no Ministério da Saúde, em Lisboa, façam “uma viragem crucial para salvar a carreira médica e o SNS”, a FNAM exorta as associações de utentes, o Sindicato Independente dos Médicos, a Ordem dos Médicos, os Médicos em Luta, entre outras organizações, a participarem na manifestação, por forma a “garantir que Manuel Pizarro escuta quem conhece a realidade, e avança com as medidas pelas quais os médicos e o SNS não podem continuar à espera”.