Em dia de uma greve dos médicos com adesão de 85%, Mariana Mortágua esteve na manifestação organizada pela FNAM, onde salientou que aqueles profissionais “estão aqui para defender o SNS”, “têm razão para se sentirem indignados” e foram dizer “que não aguentam mais fazer tantas horas extraordinárias”.
Pelo contrário, o Governo “entende que o SNS tem que ser mantido à custa de horas extraordinárias, quatro meses de horas extraordinárias por ano destes profissionais”. Mas, para a dirigente bloquista, ou o Governo “larga esta obsessão em contrariar os profissionais, ou então estará a destruir o SNS”.
Em alternativa, o executivo deveria “levar as negociações a sério” e “enviar propostas escritas que vão ao encontro das reivindicações que são a compensação da perda salarial deste ano e condições que permitam aos profissionais manter o SNS”, em vez de sair para o privado ou para o estrangeiro.
O país, acrescentou Mariana Mortágua, deve aos médicos que aguentaram a pandemia e que depois da pandemia fizeram quatro meses a mais de horas extraordinárias, “terem condições decentes de trabalho”. “Ou então não há Serviço Nacional de Saúde que aguente”, vinca.
Sobre as propostas do Bloco para estes trabalhadores, destaca que há uma “muito clara”: um aumento salarial transversal de 15% para todos os médicos que compense a perda de poder de compra e um regime de exclusividade “sério, voluntário”, com aumentos de 40% para todos os profissionais que aceitem esse regime.
Ainda sobre a atitude do Governo, Mariana Mortágua lembrou que este “está a negociar há um ano e meio e não enviou uma proposta escrita” por uma “teimosia” que impede uma solução e, entretanto, publicou um decreto unilateral sem acordo “e não chegou a nenhuma solução que não seja obrigar os profissionais a continuar a fazer horas extraordinárias”. Mais, enquanto estavam a decorrer negociações, o ministro da Saúde “tentou colocar o país contra os médicos”, ensaiando o discurso de que “o problema do SNS era o facto dos médicos se recusarem a fazer horas extraordinárias para lá de limite legal”.
O ministro “não pode dizer que tem excedente orçamental nas suas mãos mas que esse excedente não serve para responder às reivindicações de médicos e do SNS”, pois trata-se de um problema "que tem de ser respondido e o primeiro-ministro, o ministro das Finanças têm essa responsabilidade”, concluiu a coordenadora do Bloco.