Genocídio

Navio com explosivos para Israel pediu para retirar bandeira portuguesa

30 de setembro 2024 - 21:08

De acordo com o governo português, até à mudança de bandeira, o navio não poderá entrar em nenhum porto e terá de permanecer ao largo. Bloco de Esquerda diz que esta vitória "mostra que vale a pena lutar".

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Cargueiro Kathrin.
Cargueiro Kathrin. Fotografia de LPX/Shipspotting

O navio Kathrin, que transporta explosivos com destino a Israel, pediu a retirada da bandeira portuguesa. É uma decisão irreversível que surge no contexto de diligências do governo português após pressão do Bloco de Esquerda e do movimento de solidariedade com a Palestina.

“Na sexta-feira, o armador requereu formalmente e de forma irreversível o cancelamento do registo na Madeira, portanto pediu para retirar o pavilhão português”, adiantou fonte oficial à Lusa.

O processo de retirada da bandeira demorará alguns dias e até à mudança de pavilhão, o navio não poderá entrar em nenhum porto e terá de permanecer no mar, segundo o governo português. “Não circulará com o pavilhão português. Esta questão acabou”, concluiu a mesma fonte.

Fabian Figueiredo, o líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, reagiu à retirada de bandeira do navio na rede social X, dizendo que “Paulo Rangel mentiu, a mobilização da sociedade portuguesa e a ação do Bloco de Esquerda obrigaram-no a reconhecer a verdade, o navio Kathrin transporta explosivos para Israel, e a atuar”. O deputado bloquista lembrou que “esta vitória não para o genocídio, mas mostra que vale a pena lutar”.

A pressão para o governo retirar a bandeira do cargueiro tinha vindo a crescer no último mês. Para além de uma concentração com o mote “Vamos parar o barco!”, convocada pelo movimento de solidariedade com a Palestina, o governo tinha recebido já uma carta do European Legal Suport Center – uma organização europeia de advogados – que apelava à remoção da bandeira para que Portugal mantivesse o reconhecimento do direito internacional. Também o Bloco de Esquerda entregou cerca de 3.000 assinaturas que pediam a retirada da bandeira portuguesa ao governo português.

A Relatora Especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, também já tinha avisado que Portugal poderia estar a violar a Convenção sobre o Genocídio ao permitir que o Kathrin circulasse com os explosivos que tinham como destino Israel, opinião corroborada por um grupo de juristas e académicos da área do Direito Internacional, que ainda esta segunda-feira divulgaram o apelo à retirada da bandeira portuguesa do navio.

O navio Kathrin circula em direção a Bar, no Montengero, carregando explosivos RDX Hexogen que que deverão ser descarregados na Eslovénia e cujo destino a Israel. Esses mesmos explosivos são usados nas bombas que têm matado milhares de civis, incluindo crianças, na Faixa de Gaza.