França

A morte de Le Pen, o triunfo do lepenismo. E agora?

19 de janeiro 2025 - 10:31

A demonização de Le Pen não impediu a progressão do lepenismo mas funcionou como uma válvula de escape. Permitiu ocultar a extensão e a natureza sistemática do racismo na sociedade francesa, de modo a que não fosse necessário mudar nada de fundamental na estrutura social ou no modo de funcionamento das instituições

por

Ugo Palheta

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Marine e Jean-Marie Le Pen no comício da FN no 1º de maio de 2012.
Marine e Jean-Marie Le Pen no comício da FN no 1º de maio de 2012. Foto Blandine Le Cain/Flickr

Morreu Jean Marie Le Pen. Os partidos da direita [francesa] e na maioria dos “grandes” órgãos de comunicação social [franceses] indignam-se perante o facto de tantos e tantas encontrarem motivos para se regozijarem com a morte do líder fascista. São os mesmos que continuam com o trabalho de normalização da extrema-direita.

Afirmam que, apesar de Le Pen ter feito algumas declarações repreensíveis e de ser uma figura “controversa” que cometeu alguns “deslizes”, deve agora ser respeitado como parte da história política do país. Outros, na constelação mediática de Bolloré, vão mais longe, descrevendo-o como um “lançador de alertas”, se não mesmo um “profeta”, que fez “boas perguntas” ou “previu o que ia acontecer”, maravilhando-se ainda o com a constância das suas “convicções” ou com a sua “imensa cultura”1.

Obituários laudatórios serão certamente publicados. Os seus “gracejos” mais violentamente racistas, masculinistas ou homofóbicos serão certamente difundidos. Mas, sem dúvida, serão esquecidos alguns aspetos menos solúveis na ideologia dominante - uma ideologia na qual Jean-Marie Le Pen desempenhou um papel crucial, escamoteando as dimensões mais institucionais e estruturais do racismo e ocultando o contributo dos partidos e dos órgãos de comunicação social dominantes para a ascensão do lepenismo.

 

O diabo da República?

Na França das décadas de 1980 e 1990, muitos à esquerda e nos movimentos antirracista e antifascista - incluindo satélites do PS como o SOS Racisme - apresentavam o racismo e a xenofobia anti-imigrantes como vírus ideológicos inoculados de fora do jogo político legítimo - se não da sociedade francesa - pela Frente Nacional e, em particular, pelo seu líder Jean-Marie Le Pen : vírus que permitiam dividir a classe trabalhadora, apelando a preconceitos arcaicos de uma parte do povo francês e que ofereciam um bode expiatório fácil numa altura de desemprego em massa e de crise social.

Na altura, a figura de Jean-Marie Le Pen era conveniente, tornando possível projetar as caraterísticas de toda uma sociedade (Fanon disse que “uma sociedade ou é racista ou não é”) num único indivíduo e num partido cujas ligações ao fascismo histórico eram ainda óbvias e, insidiosamente, confinar o racismo, o masculinismo ou a homofobia a esse indivíduo e ao seu partido. Poder-se-ia até dizer que outros - em particular Jacques Chirac, que em 1991 perorava sobre o “barulho e o cheiro” de negros e muçulmanos - estavam a tentar “fazer-se de Le Pen” para ganhar votos, mas isso não levou a qualquer reflexão ou questionamento do racismo enquanto produção institucional e do papel crucial desempenhado pelos partidos dominantes.

A demonização de Le Pen não impediu a progressão do lepenismo mas funcionou como uma válvula de escape. Permitiu ocultar a extensão e a natureza sistemática do racismo na sociedade francesa, de modo a que não fosse necessário mudar nada de fundamental na estrutura social ou no modo de funcionamento das instituições - a não ser exorcizar o espetro do fascismo, com a mão no coração, durante as noites eleitorais. Desta forma, Le Pen e a FN foram fundamentais para reprimir a questão da dominação branca em França, tanto mais eficazmente quanto havia mil e uma boas razões para denunciar Le Pen e temer a ascensão da FN: este empreendimento de negação ou evasão podia ser envolto pelas famosas facilidades do “nunca mais”.

Mas o quadro é obviamente muito diferente se considerarmos o racismo - e o racismo colonial em particular - como uma dimensão importante da construção do Estado francês (no contexto da República imperial e depois neocolonial), como um eixo central da hegemonia burguesa e como um operador de divisão no seio da classe explorada fundamental. O mesmo se passa com as declarações inquestionavelmente antissemitas de Le Pen: é difícil compreender por que razão não impediram a FN de alcançar até 17% do eleitorado em 2002, se não se tiver em conta o antissemitismo muito antigo e profundamente enraizado na sociedade francesa (e, mais amplamente, nas sociedades europeias).

Retomando a metáfora biomédica, que tem obviamente os seus limites, Le Pen já não é o nome do vírus mas um dos sintomas mais visíveis de uma doença de que as sociedades europeias enfermam há muito tempo e, de forma particularmente virulenta, o velho imperialismo em declínio, como o da França.

Tal facilita a compreensão de um dos pontos fortes da extrema-direita. Pode apresentar-se e parecer uma força de protesto, “antissistema” ou “politicamente incorreta” porque os seus líderes foram, durante algum tempo, os únicos a reivindicar explicitamente o que permaneceu implícito e eufemístico na política dominante e, à conta disso, foram demonizados pelos partidos e meios de comunicação social dominantes (o que já nem é o caso, como ficou claramente demonstrado pela complacência dos últimos dias em relação a Jean-Marie Le Pen).

Mas, ao mesmo tempo, esta força está em plena continuidade com a ordem socio-racial estabelecida: ao instalar-se confortavelmente no senso comum nacional-racial e devidamente colonial da República Francesa e da sua elite política, a FN/RN conseguiu estabelecer-se, já não como um partido pária, mas como o ramo mais determinado do nacionalismo francês, a expressão política daqueles que querem fazer tudo para “ter a sua terra em França” e, do ponto de vista da burguesia, como um possível pneu sobresselente na atual situação de ingovernabilidade.

Le Pen contra Le Pen?

Em matéria de política, os “grandes” meios de comunicação social e os jornalistas de referência adoram os conflitos pessoais, as “querelas” e os “gracejos”: tudo coisas que podem ser facilmente traduzidas na linguagem trivial das ambições desiludidas ou das cumplicidades traídas, que é a matéria-prima da imprensa “cor-de-rosa”. A aversão do público ao debate de ideias faz parte da ideologia profissional dos jornalistas “políticos”, que reduzem constantemente as discussões e as divergências políticas a tensões interpessoais ou a uma corrida de cavalos para este ou aquele cargo.

Deste ponto de vista, a cisão entre um pai e uma filha à frente de um partido sulfuroso só poderia parecer uma espécie de bênção para estes meios de comunicação social, e teríamos de contar o número de entrevistas, ao longo dos últimos dez anos, em que Marine Le Pen ou o seu pai foram questionados sobre o que “sentiram” quando este último foi expulso do partido que fundou há mais de 40 anos, como “viveram” esta “tragédia” pessoal e familiar, etc. Mas esta leitura desanimadora agarra-se a uma ideia simples e falsa, que se enquadra perfeitamente na estratégia de “desdemonização” de Marine Le Pen: a de uma linha dura, intransigente e, de certa forma, antiquada (porque ligada às velhas modas da extrema-direita do período entre guerras ou do imediato pós-guerra) encarnada pelo pai, contraposta a uma linha moderada, responsável e moderna representada pela filha.

Tal como, em 2022, o aparecimento de Zemmour - e o seu perfil político quase exclusivamente centrado nos excessos racistas e, em particular, islamófobos - permitiu a Marine Le Pen aparecer como figura tranquilizadora para uma parte do eleitorado da direita tradicional, em meados da década de 2010, a rutura com Jean-Marie Le Pen foi a melhor forma de dar corpo à ideia de uma “nova FN”, que em breve se chamaria “União Nacional" (“Rassemblement National”/RN). E é difícil dizer que os comentadores mediáticos tiveram muito zelo, ou muito interesse, em confrontar Marine Le Pen com eventuais contradições, ela que assegurava no Congresso de Tours de 2011 (e que a tornou a nova presidente da FN): "Aceito toda a história do meu partido. A sua história é um todo, por isso aceito-a toda”.

Se se tivesse ido um pouco mais fundo, teria sido possível avaliar até que ponto a passagem de testemunho entre pai e filha refletiu menos uma mudança na “natureza” da FN/RN ou na sua estratégia global, do que uma divergência de táticas políticas. A verdadeira mudança operada por Marine Le Pen consistiu, essencialmente, em abandonar taticamente tudo o que pudesse agora parecer um obstáculo às suas ambições presidenciais, em particular os aspectos mais explicitamente antissemitas e negacionistas do Holocausto no discurso da extrema-direita - apesar de ter encoberto as declarações do pai durante quase três décadas, como é sempre preciso recordar -, para trazer para primeiro plano o “problema do Islão”. Desta forma, não só radicalizou a retórica habitualmente xenófoba da FN através da islamofobia, como também recodificou o discurso frentista de forma “republicana”, permitindo-lhe integrar-se sem problemas na islamofobia mainstream.

A ilusão de uma transformação profunda da FN foi possível graças à difusão generalizada da islamofobia, que tende a tornar aceitável o ódio aos muçulmanos ou a suspeita de que pretendem “infiltrar-se na República” para assegurar o seu domínio, mas também graças ao discurso público que, desde os anos 70, fez da imigração e dos imigrantes um “problema” a resolver. A instauração de um duplo consenso xenófobo e islamófobo, associado à afirmação de um “novo laicismo” que permite estigmatizar os muçulmanos em nome da defesa da “República”, tende assim a legitimar antecipadamente todas as manifestações mais abertamente racistas da FN, pelo menos quando se dirigem aos imigrantes e aos descendentes de imigrantes - e, de uma forma mais geral, a qualquer pessoa - muçulmana ou considerada muçulmana.

É também de notar que o antagonismo entre pai e filha não estalou quando, em maio de 2014, Jean-Marie Le Pen referindo-se ao alegado “risco de a França ser inundada” pela imigração, disse - aludindo à epidemia que então grassava em África - que “Monsenhor Ébola pode resolver o problema em três meses”. Na altura, esta declaração não suscitou qualquer condenação por parte da direção da FN ou da sua presidente; pelo contrário, apoiaram-na. Da mesma forma, a exclusão de Jean-Marie Le Pen não levou, de forma alguma, Marine Le Pen ou os actuais dirigentes da FN/RN a abrandar a sua retórica sobre a pretensa invasão migratória, a pretensa ocupação da França por uma população estrangeira ou a pretensa “colonização ao contrário”, que levaria à destruição ou ao desaparecimento da França.

Mas como podia este profetismo xenófobo e islamófobo estar em contradição com a tese mediática de uma RN agora respeitável, dado que a grande maioria do sector político e mediático dominante partilha igualmente a ideia do “separatismo muçulmano” e da “infiltração islamo-esquerdista” e que a retórica (emprestada da extrema-direita) da “descivilização” e da “asselvajamento” se exprime ao mais alto nível do Estado?

Um militante do colonialismo francês

Um dos aspectos da trajetória de Jean-Marie Le Pen - e de toda a extrema-direita francesa2- que é muito rapidamente descartado na narrativa dominante dos meios de comunicação (e, na verdade, quase sempre ignorado em silêncio) é a sua raíz no colonialismo francês e a sua participação ativa nas guerras para a manutenção do domínio colonial francês na então chamada “Indochina” e na Argélia.

As declarações anti-semitas e de negação do Holocausto de Jean-Marie Le Pen são habitualmente recordadas; mais raramente, porém, se recorda o facto de muitos dos fundadores originais da FN serem antigos petainistas, colaboracionistas e membros das Waffen SS, o que seria inapropriado numa altura em que toda a direita - Macronismo incluído - procura um acordo, mais ou menos tácito nesta fase, com a FN/RN. E esquecemo-nos quase sempre de sublinhar a forte presença de antigos militantes e simpatizantes da Organização Armada Secreta (“Organisation Armée Secrète”/OAS)3 - como recorda o historiador Fabrice Riceputi, esta é a organização terrorista que cometeu, de longe, o maior número de atentados na história de França.

Além disso, na carreira militante e política de Jean-Marie Le Pen, as guerras da Indochina e da Argélia tiveram certamente um papel mais estruturante do que a colaboração com os ocupantes nazis, até porque Le Pen nasceu demasiado tarde para colaborar. É verdade que isso não o impediu de estabelecer amizades muito duradouras com notórios colaboracionistas, de se tornar porta-voz de um apoiante de Pétain - o advogado Jean-Louis Tixier-Vignancour - durante a sua campanha presidencial de 1965, ou de publicar canções nazis glorificadoras das SS e de Hitler, no âmbito da editora musical que criou e dirigiu nos anos 60, durante os seus anos de vacas magras.

A defesa do colonialismo francês desempenhou um papel fundamental para Le Pen por três razões: em primeiro lugar, porque foi uma experiência de formação política que o armou (literal e figurativamente) e que lhe conferiu uma espécie de aura nos círculos da extrema-direita (tendo integrado o prestigiado regimento de pára-quedistas); em segundo lugar, porque foi o seu empenho na defesa do Império que permitiu à extrema-direita sair da completa marginalidade a que a tinha confinado a colaboração com as forças de ocupação, ainda que com resultados desastrosos à época devido à vitória dos movimentos de libertação nacional na Indochina e na Argélia; e, em terceiro lugar, porque Jean-Marie Le Pen soube transferir habilmente o racismo colonial, nomeadamente o racismo anti-árabe, para a cena política francesa. Este racismo esteve presente de mil maneiras na vida quotidiana dos imigrantes argelinos - conduzindo ao assassinato de centenas deles a 17 de outubro de 1961 - mas foi Le Pen, mais do que ninguém, que o transformou numa arma política e eleitoral eficaz.

Talvez restassem menos dúvidas sobre a natureza fascista de Le Pen e da sua corrente política se deixássemos de dissociar o fascismo da questão colonial, se levássemos mais a sério a violência da empresa colonial francesa (em particular na Argélia) e o racismo que lhe está associado, nomeadamente na forma como penetrou no corpo social francês. Talvez isso tivesse dado menos crédito à grotesca tese “imunitária” segunda a qual a França se manteve “alérgica ao fascismo”, notavelmente devido aos seus valores republicanos, uma tese mais ou menos equivalente à ideia de que a nuvem de Chernobyl teve a decência de não atravessar as fronteiras francesas.

Poderíamos também ter percebido que a rutura verbal e tática da FN/RN de Marine Le Pen com o antissemitismo coexiste com um enfoque na islamofobia, que funciona em França como um “racismo respeitável”, legítimo porque legitimado por décadas de secularismo falsificado e por um discurso que retrata o Islão e os muçulmanos como uma ameaça à França e/ou à República.

Para além do anti-lepenismo

A grande maioria dos que festejaram a morte de Le Pen não tem provavelmente ilusões sobre os efeitos da sua morte. A sua morte era esperada e desejada, porque havia qualquer coisa de exasperante em ver sobreviver durante tanto tempo um torturador de argelinos, um promotor tão assíduo do racismo, do masculinismo e da homofobia, o homem que conseguiu dar ao projeto fascista uma massa de seguidores na sociedade francesa. Para isso contribuíram as políticas neoliberais, que intensificaram todas as formas de competição na sociedade francesa a partir dos anos 80, mas também a deriva da direita que radicalizou o seu eleitorado, e as traições da esquerda que desmobilizaram o seu.

Le Pen soube aproveitar a oportunidade aberta pela crise de representação política iniciada nos anos 1980, não apenas porque havia um vazio, mas porque soube encontrar o caminho para a política de massas com base numa visão do mundo própria da extrema-direita. E é precisamente este último aspeto que nos deve interessar mais: não as declarações desprezíveis proferidas por Jean-Marie Le Pen ao longo da sua longa carreira, destinadas a provocar e a permitir-lhe regressar, uma e outra vez, ao centro do jogo político mas a forma como conseguiu transformar a obsessão nacionalista, o ressentimento racista e a nostalgia colonial numa força política e eleitoral. É isso que permanece vivo na política da FN/RN, independentemente do que está explícito no programa eleitoral do partido e que os seus dirigentes esquecerão rapidamente quando chegarem ao poder.

Isto conduz-nos ao principal desafio da esquerda, em França e não só: encontrar (ou reencontrarr) o caminho da política de massas. Deste ponto de vista, o anti-lepenismo em sentido estrito é um beco sem saída. Nesta fase do seu desenvolvimento, a extrema-direita não pode ser confrontada apenas sob esta forma estritamente reactiva e defensiva, quer se trate de um antifascismo “republicano” (que aspira a defender as instituições contra os fascistas e afirma que as instituições nos defenderão contra os fascistas) ou de um antifascismo mais radical, cujo principal objetivo é impedir que os fascistas apareçam publicamente e que visa constituir-se em força militante.

É claro que quando os fascistas procuram implantar-se localmente (num bairro, numa aldeia, numa cidade, numa universidade, numa empresa ou numa associação) é crucial bloquear-lhes o seu caminho através da mais ampla e determinada mobilização. Mas quando a extrema-direita está às portas do poder, quando para uma franja significativa da população aparece como a principal força política capaz de pôr termo ao grande empreendimento de brutalização de Macron, não é possível fazê-la recuar sem a interpelar sobre o seu próprio papel, sem propor uma solução para a crise política, sem - em suma – se assumir uma candidatura ao poder assente numa plataforma de rutura com a ordem sócio-racial estabelecida. É este o desafio que temos de enfrentar nos próximos meses e anos.


Ugo Palheta é sociólogo, co-diretor da revista Contretemps e especialista em desigualdades sociais e étnico-raciais. Artigo publicado em Contretemps. Traduzido por Tatiana Moutinho para o Esquerda,net

Notas:

1 O que é, aliás, falso uma vez que Jean-Marie Le Pen foi toda a vida um ignorante, confundindo-se os seus poucos elementos de cultura clássica (aprendidos de cor nos colégios jesuítas, que desde cedo frequentou) aliados a um repertório que vai dos escritores fascistas (Brasillach, em particular) às canções pimba, com filosofia ou literatura (clássica ou contemporânea). Para se ter uma ideia, ver: Michel Eltchaninoff, “Quand Jean-Marie Le Pen parlait de philosophie”, Philosophie Magazine, 7 de janeiro de 2025, https://www.philomag.com/articles/quand-jean-marie-le-pen-parlait-de-ph….

2 Isto aplica-se de outras formas à maior parte da política francesa, incluindo à social-democracia que, em França, foi incorrigivelmente colonial e está intimamente ligado à atual atitude do Partido Socialista em relação à questão palestiniana. Em particuilar, devemos recordar-nos do papel de François Mitterrand durante a guerra da Argélia, como Ministro da Justiça aquando da grande repressão em Argel e que, nessa qualidade, autorizou a execução de 45 militantes argelinos da FLN enquanto se opôs a 80% dos pedidos de perdão/indulto.

3 NT: https://www.esquerda.net/dossier/organizacao-armada-secreta-francesa-e-sua-ligacao-portugal/81698