A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) decidiu aprovar de forma condicionada a Declaração de Impacte Ambiental à mina do Romano, em Montalegre, e propor que o complexo de anexos mineiros, que inclui a refinaria, lavaria e edifícios administrativos, seja objeto de uma avaliação de impacte ambiental autónoma.
“Não vamos baixar os baços, não vai ser isto que nos vai fazer desistir e nós acreditamos que ainda vamos conseguir reverter estas decisões e fazer cair este projeto”, afirmou à agência Lusa Armando Pinto, dirigente da associação Montalegre Com Vida, que promete contestar a decisão "nos tribunais e onde quer que seja".
A decisão não surpreendeu o movimento, por surgir na sequência da aprovação de outra Declaração de Impacte Ambiental da mina do Barroso, no concelho vizinho de Boticas, mas alertam que não está a ser equacionado o efeito cumulativo dos dois projetos naquela região. "Por exemplo, o rio Beça será afetado pelos dois projetos e estão os dois numa área que é Património Agrícola Mundial [Barroso]”, afirmou.
Armando Pinto critica também a APA pela relevância dada às contrapartidas do projeto. "Nós não temos uma Agência Portuguesa do Ambiente, mas sim uma agência portuguesa das contrapartidas", lamenta.
Também os ambientalistas da Zero reagiram à decisão da APA com preocupação. O seu dirigente Nuno Forner disse à Lusa que "é no mínimo absurdo" separar o complexo de anexos mineiros do restante projeto, no que pode ser visto como uma pressão para que o município altere o seu Plano Diretor Municipal para permitir aquela construção.
O dirigente da Zero diz que os elevados impactos do projeto sobre as populações ficam evidentes quando uma das compensações sugeridas é o pagamento às populações para comprarem outra habitação ou terreno. Ou seja, “a solução será empurrar as pessoas para fora daquele território", aponta.
Os pareceres favoráveis às duas minas na região podem não ser os últimos, pois há vários pedidos de prospeção e pesquisa "que, se forem aprovados, vão colocar mais pressão ao nível da exploração mineira no Barroso" e assim inviabilizar a classificação do Barroso como Património Agrícola Mundial, prevê a Zero.