“Soam as enxadas da resistência”: a luta contra o lítio no Barroso continua

10 de agosto 2023 - 15:35

Começa esta quinta-feira um acampamento contra “a maior mina de lítio a céu aberto da Europa”. No próximo dia 15, uma manifestação será o culminar das atividades de uma luta que está na “linha da frente” do combate “onde travaremos a destruição da vida em nome da sede de lucro” diz a organização.

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Está marcada para o próximo dia 15, em Covas do Barroso, Boticas, uma manifestação para mostrar que a luta contra as minas de lítio na região continua viva. Até lá decorre a terceira edição do acampamento de verão desta causa que começou esta quinta-feira na Quinta do Cruzeiro e que será pautado por debates, workshops, caminhadas e concertos.

O mote dos eventos continua a ser a palavra de ordem “não à mina, sim à vida”, a que se soma uma outra: “Soam as enxadas da resistência. O Barroso está de pé, Luta!”

No comunicado que acompanha a convocatória das ações, diz-se que se procura “voltar a unir forças e a partilhar estratégias de resistência aos interesses económicos e políticos que pretendem destruir as montanhas pela promessa de lucro fácil”.

Recorda-se que a luta contra “a maior mina de lítio a céu aberto da Europa”, considerada um “ecocídio” e um “ataque ao modo de vida rural”, dura há cinco anos. E critica-se o parecer favorável com “um conjunto alargado de condicionantes” dado pela Declaração de Impacte Ambiente conhecido a 31 de maio naquela que é uma região classificada como Património Agrícola Mundial.

O movimento Barroso sem minas admite que a decisão representa “um passo burocrático importante para a empresa” mas vinca que a própria decisão reconhece “impactos negativos significativos para as populações, a biodiversidade das serras e a qualidade das águas”. Só se tendo chegado àquela conclusão por se impor “uma narrativa sobre a inevitabilidade da extração do lítio”. Esta é “falaciosa” e serve para “assegurar uma descarbonização que não ponha em risco os interesses da indústria automóvel e não coloque em causa o crescimento económico infinito. A promessa de lucro para alguns, e de cidades menos carbonizadas, esconde o sacrifício de territórios inteiros e a continuação da violência associada a uma política de mobilidade assente no transporte individual”.

Os defensores do ambiente garantem que “o Barroso não se calará perante a violência extrativista e as gentes barrosãs não aceitarão a licitação dos seus territórios às mineradoras”, apresentando-se este território como “a linha da frente onde travaremos a destruição da vida em nome da sede de lucro!”. Assim, entendem a luta local como “um eco da resistência global” porque “se, perante os “objetivos estratégicos europeus”, conseguirmos travar aquela que seria a maior mina de lítio da Europa, abriremos precedentes de luta decisivos para o futuro”.

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