Depois de terem feito uma greve a 5 e 6 de julho com uma adesão que a FNAM estimou à volta de 90%, o sindicato convocou nova paralisação para os dias 1 e 2 de agosto. Os médicos reivindicam “uma tabela salarial digna” e “recuo nas linhas vermelhas que são inaceitáveis”. A líder da FNAM, Joana Bordalo e Sá, sintetizou desta forma à Lusa as razões do recurso a esta forma de luta à saída da última reunião de negociação com o Ministério da Saúde.
Para além da reivindicação da redução do horário de trabalho para 35 horas semanais e de um aumento de salário, as linhas vermelhas a que alude a FNAM dizem respeito à proposta de aumentar o limite de trabalho extraordinário permitido por lei, que é de 150 horas por ano, para mais do dobro, ou seja 350 horas, no âmbito do novo regime de dedicação exclusiva. A direção sindical considera isto “inaceitável”, acrescentando que “não podemos abdicar de fazer um ato clínico em segurança” e que “os médicos têm de poder descansar depois de fazerem uma noite ou trabalharem um fim de semana como qualquer profissional”.
A dirigente sindical vinca ainda que “os médicos são os únicos profissionais de toda a administração pública a trabalhar 40 horas” e que “isso implica mais dois meses de trabalho em relação a quem faz 35 horas”. Entretanto, as negociações vão continuar com o Ministério da Saúde a comprometer-se a apresentar a terceira versão da sua proposta.
Alguns dias antes da greve dos médicos, serão os enfermeiros dos hospitais privados a entrar em greve. Já tinham feito greve em março e 28 de julho é a nova data marcada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses para reivindicar aumentos salariais e que a compensação pelo horário de trabalho desfasado seja aplicável aos enfermeiros que trabalhem por turnos e à noite.
Por horário desfasado entende-se o trabalho em horário que, apesar de manter inalterado o período normal de trabalho diário, se estabelecem obrigatoriamente, por serviço ou para um grupo de trabalhadores, horas fixas diferentes de entrada e de saída. Pretende-se ainda um aumento da compensação das denominadas “horas penosas”, isto é o trabalho noturno, nos fins de semana e feriados.