Maioria absoluta foi permeável aos negócios, mas não à reivindicação social

29 de novembro 2023 - 15:18

José Soeiro esteve presente na concentração da CGTP em frente ao Parlamento no último dia do debate orçamental e lamentou o chumbo do PS à propostas que respondem pelos salários, pelos serviços públicos e pelo direito à habitação.

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Manifestação da CGTP
CGTP protestou esta quarta-feira em São Bento. Foto Fenprof/Facebook

Enquanto a maioria absoluta do PS na Assembleia da República se preparava para aprovar o Orçamento do Estado para 2024, a CGTP juntava no Largo de São Bento centenas de ativistas sindicais em defesa do aumento dos salários e pensões e contra o aumento do custo de vida. A central sindical defende que a melhoria das condições de vida não pode ficar à espera da resolução da crise política e que nem as eleições antecipadas nem a aprovação deste Orçamento resolvem algum problema dos trabalhadores.

O deputado bloquista José Soeiro juntou-se aos manifestantes e afirmou aos jornalistas que "quando hoje os trabalhadores aqui dizem que é preciso responder pelos salários, pelos serviços públicos, pelo direito à habitação, estão a tocar no essencial do debate que temos agora e no futuro".

"A banca tem 10 milhões de euros de lucro por dia e nunca se pagou tanto com juros dos empréstimos à habitação. Neste Orçamento, as rendas vão ter o maior aumento dos últimos 30 anos e os salários não chegam ao fim do mês. Na administração pública, as tabelas salariais não permitem atrair e fixar profissionais. Na saúde temos uma crise que só será resolvida quando houver um acordo real com os médicos, não aquele que foi feito, que permita fixar profissionais e dar resposta à população", prosseguiu o deputado do Bloco.

Em seguida, lamentou que a maioria absoluta do PS tivesse chumbado algumas das medidas que o Bloco propôs para dar resposta a esses problemas, como as da "limitação das rendas, a utilização dos lucros extraordinários da banca para diminuir as prestações da casa que as pessoas têm de pagar todos os meses, o aumento salarial na administração pública para recuperar os 20% de poder de compra perdido nos últimos dez anos, o aumento do salário mínimo para os 900 euros em janeiro de 2024, ou a valorização das condições profissionais no SNS".

"Esta maioria absoluta provou ser o que prevíamos que fosse. Não significou nenhum diálogo, mas um fechamento em si própria. Mostrou grande permeabilidade aos negócios e a interesses económicos, ao mesmo tempo que não houve nenhuma permeabilidade à reivindicação social como aquela que é hoje feita pelos trabalhadores, ou a que foi feita por professores e médicos", afirmou José Soeiro, concluindo que nas próximas eleições de 10 de março "o que pode fazer a diferença é uma relação de forças diferente, é a esquerda ter muito mais peso, não haver maiorias absolutas e a esquerda ser determinante para construir soluções".