A grande promessa deixada por Luís Montenegro no Congresso do PSD não sobreviveu mais do que algumas horas. Assim que lhe foram pedidas as contas da proposta, verificou-se que era mais um truque do líder do PSD, desta vez dirigido aos pensionistas que viram a sua pensão cortada quando o atual líder do PSD apoiava na liderança da bancada parlamentar o governo de Passos Coelho e Paulo Portas.
Os jornais e as televisões foram rápidos a anunciar que "Montenegro promete pensão mínima de 820 euros", levantando questões sobre o financiamento da medida ou a sua compatibilidade com outras promessas, como a de reduzir a receita do Estado com os impostos. A contradição levou o atual líder da bancada e ex-porta-voz do PSD para as Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a corrigir Montenegro no domingo, dizendo que o que ele queria prometer no sábado era "subir o complemento solidário para idosos de 550 euros em 2024 para 820 em 2028", ficando assim muito reduzido o alcance da medida anunciada na véspera. Miranda Sarmento explicou já esta segunda-feira que o PSD não tem nenhuma proposta para alterar as regras da condição de recursos, nomeadamente a que inclui o rendimento do cônjuge e o dos filhos no cálculo para o acesso ao Complemento Solidário para Idosos, afirmando que essa "não é uma questão fácil".
"Isto é um truque nas pensões, versão Montenegro", acusou esta segunda-feira o deputado bloquista José Soeiro. Em primeiro lugar "porque afinal de contas, esta proposta do PSD não é para aumentar pensões". E em segundo lugar, "porque em vez de se dirigir dois milhões de pensionistas, como alguns poderão ter pensado, é apenas sobre 134 mil pessoas".
"E quando o PSD fala de 820 euros, não vai contar 820 euros de pensão, mas sim de rendimentos, metendo no cálculo do rendimento do pensionista o rendimento do cônjuge, dos filhos, etc. Ou seja, o PSD quis criar uma sugestão que não é o que verdadeiramente propõe. E isso agora vai ficando mais claro à medida que se sente na obrigação de explicar a promessa", prossegue o deputado do Bloco.
Para José Soeiro, o "truque" de Montenegro não surpreende, pois "as promessas do PSD não têm qualquer crédito, muito menos no que diz respeito aos pensionistas, que foram massacrados e assaltados da última vez que o PSD e a Direita estiveram no poder".