PSD é um “passado de má memória” e um “presente sem alternativa à maioria absoluta”

26 de novembro 2023 - 16:25

Mariana Mortágua afirmou que “o PSD e a maioria PS perseguiram as pessoas ao longo dos últimos anos em nome do mais mesquinho dos princípios: um El Dorado do turismo e os seus tentáculos na especulação imobiliária”. Bloco quer “acabar com este jogo viciado” e dar segurança às pessoas.

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Foto de Paulo Cunha, Lusa.

Num almoço comício na Marinha Grande, Mariana Mortágua afirmou que o PSD “chegou a este congresso com um legado de anos sem um único contributo relevante, sem uma única ideia relevante que se distinguisse da maioria absoluta do PS”.

De acordo com a coordenadora do Bloco, o partido deixou-se “arrastar para o pântano onde abunda a exploração de casos e casinhos, mas onde escassearam sempre as propostas para responder a quem trabalha e a quem enfrenta uma vida dura”.

Neste contexto, Mariana Mortágua “vê com bons olhos a promessa de Luís Montenegro de que vai ser melhor do que tem sido”, mas não tem “muita esperança”. Isto porque, neste mesmo congresso, o líder do PSD “grita contra o gonçalvismo e as nacionalizações soviéticas. E ainda há espaço para histórias de princesas”.

E também porque Montenegro “deixou uma garantia: será o que sempre foi”, e isso significa “um passado de má memória e um presente sem alternativa à maioria absoluta”.

Segundo a dirigente bloquista, “o PSD tem uma história que o povo não esquece e que o povo não perdoa”, quando o “momento era mais importante”, o PSD escolheu “aumentar os impostos, escolheu congelar as pensões, mesmo ter prometido fazer exatamente o contrário”.

Para Mariana Mortágua, a história do PSD é também a “da traição aos professores” já que, em 2018, “deu a mão ao PS para evitar a recuperação do tempo de serviço”. A coordenadora do Bloco frisou que a força de um partido “está na coerência entre o que diz e o que fez e o PSD não tem essa coerência e, por isso, não tem a confiança de um país que empobreceu às suas mãos no passado”.

Mariana Mortágua referiu-se concretamente à crise da habitação, que “tem a marca e a cicatriz do PSD”. A esse propósito, a dirigente do Bloco lembrou que foi o Governo PSD/CDS-PP que “impôs uma lei para aumentar as rendas”, que promoveu o alojamento local e os ‘resorts’ turísticos “sem medida, sem limite”, expulsando moradores. E que criou os visto gold, tendo, inclusive, mandado dois ministros à Rússia para vendê-los aos oligarcas. “Tão amigos que eles eram na altura”, disse a coordenadora bloquista.

Sobre o facto de Montenegro se apresentar como “moderado, Mariana Mortágua questionou: “Atreve-se Luís Montenegro a falar em moderação? Atreve-se a dizer-se moderado? Moderado em quê? Rendas moderadas? Preços moderados? Mentira”.

A dirigente do Bloco acrescentou que o PSD “fez parte da maioria absoluta do abuso violento que faz com que os pensionistas sejam expulsos dos seus bairros e que os seus filhos e netos não possam arrendar ou comprar casa em Portugal”, e “quer o país de mão estendida para o turismo, para milionários nómadas que acham que é confortável pagar 10% de IRS em Portugal e ainda terem benefícios fiscal que lhes paga casa de luxo”.

Mariana Mortágua realçou que “não há pinga de sensatez nesta abrangente maioria absoluta que vai do PS à direita, e que diz que fará tudo para manter os preços especulativos das casas”.

“O PSD e a maioria PS perseguiram as pessoas ao longo dos últimos anos em nome do mais mesquinho dos princípios: um El Dorado do turismo e os seus tentáculos na especulação imobiliária”, acusou a líder do Bloco.

Mariana Mortágua defendeu que “é preciso pará-los para dar segurança às pessoas”. “Toda a gente que vive em Portugal, que procura para viver e trabalhar, tem direito a uma vida boa”, afirmou a coordenadora bloquista.

Sublinhando que “a maioria absoluta foi a garantia de insegurança”, A dirigente bloquista apontou que o Bloco apresenta “medidas razoáveis, praticáveis, eficazes, no tempo das nossas vidas”

“O Bloco é a certeza de que podem viver e voltar para os seus bairros e que não passarão o resto da vida com medo”, vincou.

Para esse efeito, os bloquistas querem, entre outras medidas, fechar a porta aos vistos gold e à compra de casas por não residentes; limitar o alojamento local; criar tetos máximos para as rendas especulativas; garantir mais casas a preços acessíveis, com a reabilitação de património publico para habitação, a construção pública de mais casas, e o apoio à reabilitação de casas.

“Vida boa começa por se ter uma casa para viver. Não ter medo do amanhã. Vida boa é viver sem medo, e é essa a segurança que o Bloco de Esquerda quer dar à pessoas”, garantiu Mariana Mortágua.

A líder bloquista deixou “uma certeza e um desafio”: “Vamos acabar com este jogo viciado”.

O Bloco “escolhe habitação em vez de especulação, em vez de “negócio desenfreado”, em vez de “cidades de luxo para não residentes endinheirados”, explicou.

“Porque nos recusamos a ser um povo precário que empobrece para servir uma economia viciada em turismo e em experiências de luxo. Escolhemos ficar ao lado de quem trabalha. Somos a voz pela habitação. A força e a criatividade de gerações que não desistem de Portugal, de fazer desta terra um país onde se possa viver, trabalhar e ter um salário digno que dê a toda a gente uma vida boa”, rematou Mariana Mortágua.

Por "uma sociedade justa, progressista e inclusiva"

O almoço-comício do Bloco na Marinha Grande contou ainda com a participação de Rafael Henriques e Lina Oliveira.

Lina Oliveira focou a sua intervenção no ataque de que tem vindo a ser alvo a Escola Pública e os sistema educativo e afirmou que, "sem saúde, habitação, educação, salário, compromete-se o projeto de uma sociedade justa, progressista e inclussiva".

Rafael Henriques, por sua vez, frisou que, ao cortar na despesa, António Costa compromete a resposta às "necessidades mais básicas dos cidadãos". No que respeita à saúde, Rafael Henriques acusou o PS de deixar o Serviço Nacional de Saúde ao abandono.

 

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