De acordo com o relatório "Banking on Climate Chaos", citado pelo The Guardian, destes 6,9 biliões de dólares em financiamento a empresas de petróleo, carvão e gás, quase metade, o equivalente a 3,3 biliões de dólares, foi afeto à expansão dos combustíveis fósseis.
No ano passado, dois anos após inúmeros bancos terem prometido trabalhar no sentido de reduzir as emissões no âmbito da Net Zero Banking Alliance, o financiamento bancário para empresas de combustíveis fósseis foi de 705 mil milhões de dólares, com 347 mil milhões de dólares destinados à expansão da sua atividade.
O relatório adianta ainda que os bancos americanos foram os maiores financiadores da indústria de combustíveis fósseis, contribuindo com 30% do total de 705 mil milhões amealhados em 2023. O JP Morgan Chase foi o banco que mais contribuiu para o financiamento da indústria dos combustíveis fósseis no ano passado, com 40,8 mil milhões de dólares, enquanto o Bank of America ficou em terceiro lugar. O segundo maior financiador mundial de combustíveis fósseis foi o banco japonês Mizuho, que avançou com 37,1 mil milhões de dólares.
O Barclays, com sede em Londres, foi o maior financiador de combustíveis fósseis da Europa, com 24,2 mil milhões de dólares, seguido do Santander, de Espanha, com 14,5 mil milhões de dólares, e do Deutsche Bank, da Alemanha, com 13,4 mil milhões de dólares. No geral, os bancos europeus contribuíram com pouco mais de um quarto do financiamento total de combustíveis fósseis em 2023.
Tom BK Goldtooth, diretor executivo da Rede Ambiental Indígena, que foi coautor do estudo, acusou os “financiadores e investidores de combustíveis fósseis” de continuarem a “acender a chama da crise climática”.
“Em conjunto com gerações de colonialismo, a indústria de combustíveis fósseis e o investimento das instituições bancárias em falsas soluções criam condições inviáveis para todos os entes vivos e para a humanidade na Mãe Terra”, frisou.
"Como povos indígenas, continuamos na linha da frente da catástrofe climática, e a indústria dos combustíveis fósseis visa as nossas terras e territórios como zonas de sacrifício para continuar a sua extração. O capitalismo e a sua economia baseada na extração apenas perpetuarão mais danos e destruição contra a nossa Mãe Terra”, continuou.
Críticos do relatório evocados pelo The Guardian afirmaram que a metodologia do relatório, que se baseou na investigação de transações comunicadas por empresas de dados do mercado financeiro, como a Bloomberg e a Refinitiv, não permitia aos investigadores ter uma visão detalhada do que estava a ser financiado e por quem.
Especificamente, argumentaram que os empréstimos sindicados, as emissões de obrigações e os acordos de subscrição envolviam frequentemente vários bancos com diferentes níveis de exposição. E que o financiamento a empresas de combustíveis fósseis para financiar projetos de tecnologia de transição não podia ser distinguido do financiamento de novos poços de petróleo.
Os porta-vozes do Barclays, Bank of America, JP Morgan Chase, Deutsche Bank e Santander sublinharam que as suas organizações estavam a apoiar a transição dos clientes do sector energético para modelos de negócio mais sustentáveis. Já o Mizuho recusou um pedido de comentário.