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Venezuela: plataforma cidadã propõe diálogo e referendo pela soberania e pela paz
A Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição (PCDC) propõe também, como “premissa” do diálogo, a realização de um referendo para que o povo venezuelano se pronuncie se quer ou não renovar todos os poderes públicos e sugere como mediadores os governos do México e do Uruguai e o Secretário-Geral da ONU, que propuseram uma “iniciativa de diálogo que foi aceite pelo Presidente Maduro”.
O documento da plataforma1, divulgado neste domingo 27 de janeiro, reafirma que “foi o departamento de Estado dos EUA quem estabeleceu abertamente o guião” que Guaidó seguiu2 ao declarar-se “presidente interino” e realça que esta é a agenda de Trump para intervir na Venezuela, lembrando que ele afirmou “que tem 'todas as opções sobre a mesa', inclusive a da intervenção militar”.
A PCDC salienta que o diálogo que propõe deve contemplar, nomeadamente: fim do “estado paralelo”; garantias que permitam realização de eleições a curto prazo; rejeição da intervenção estrangeira; plano económico de emergência; lei de amnistia; auditoria pública e cidadã à dívida; fim das sanções económicas internacionais.
Extraordinárias e massivas manifestações de 23 de janeiro
A plataforma destaca as grandes manifestações de 23 de janeiro, que foram convocadas pela Assembleia Nacional (AN)3, considerando que elas demonstram a “recusa da maioria do povo venezuelano ao governo autoritário de Nicolás Maduro”.
As manifestações da passada terça-feira ocorreram em todo o país, ao contrário do que era tradicional, em que as grandes manifestações se limitavam sobretudo a Caracas. Além disso, no decurso da ação deram-se outros acontecimentos significativos.
Por exemplo, na cidade Caicara del Orinoco, a Guardia Nacional (GNB), enviada para impedir uma manifestação e reprimir os participantes, desfaz uma barreira e junta-se à marcha (ver abaixo post do instagram4).
A PCDC sublinha também que a Venezuela vive uma profunda crise política, económica e social, nomeadamente a aceleração da hiperinflação e da “profunda depressão económica” e as repercussões nas condições de vida e de trabalho “de mais de 80% da população”, com a “severa e angustiante deterioração dos serviços públicos de saúde, transportes, telecomunicações, abastecimento de eletricidade e de água, assim como “o colapso da indústria petrolífera”, a corrupção e a “violação dos direitos fundamentais e a criminalização dos protestos cívicos”.
A plataforma dirige ainda um apelo à “oposição democrática” para que rejeite a ingerência externa e defenda o direito à autodeterminação dos venezuelanos” e propõe-lhe que participe na constituição de um “movimento nacional que promova o diálogo e a realização de um referendo consultivo vinculante”.
Artigo de Carlos Santos para esquerda.net
Notas:
1 O comunicado é subscrito por Héctor Navarro, ex-ministro da Educação, da Ciência e da Energia entre 2007 e 2011; Gustavo Márquez, ex-ministro de Estado para a Integração e o Comércio Externo (2005-2007); Oly Millán, economista e ex-ministra para a Economia Popular (2006); Edgardo Lander, sociólogo, professor na Universidade Central da Venezuela e investigador associado ao Transnational Institute; Santiago Arconada, ativista social; Ana Elisa Osorio, antiga ministro do Ambiente de Hugo Chavez (twitter.com/anaelisaosorio); Juan García, cofundador de Aporrea e membro de Marea Socialista; Gonzalo Gómez, cofundador de Aporrea e porta-voz da Marea Socialista.
2 O site puntodecorte.com refere que a autoproclamação de Juan Guaidó, que é dirigente do partido Voluntad Popular, terá surpreendido quase todas as restantes forças da oposição, que não sabiam do que ia acontecer, “Nem Primero Justicia (exceto Borges), nem Acción Democrática, nem Un Nuevo Tiempo, nem Avanzada Progressista”.
3 No dia 23 de janeiro houve manifestações convocadas pela Assembleia Nacional (AN) e que tiveram lugar em todo o país. Houve também uma manifestação favorável ao Governo em Caracas. Nos links abaixo pode ver fotogalerias das manifestações realizadas na capital, Caracas: da manifestação convocada pela Assembleia Nacional e da manifestação de apoio ao Governo de Maduro.
Comentários
Maduro é um democrata apoiado
Maduro é um democrata apoiado por oficiais honestos estrategicamente colocados nos órgãos que mimam tanto o povo venezuelano que o levam a emigrar em massa por estar farto de viver no paraíso, haver demasiada alegria, ultra segurança, fartura, saúde da melhor e gratuita, emprego para todos com os melhores salários do mundo, as prisões estão às moscas e os tribunais vazios!
A POSIÇÃO ATUAL DO GOVERNO PORTUGUÊS EM RELAÇÃO À VENEZUELA
Do Diário de Notícias digital de ontem:
Portugal admite enviar tropas para a Venezuela
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, admitiu nesta quarta-feira enviar tropas para a Venezuela para apoiar os portugueses. Sublinhou que essa possibilidade tem sido discutida mas ainda não está em cima da mesa.
Hipótese foi abordada com França, Espanha e Itália.
Estas "impressões" foram trocadas com países como França, Espanha e Itália, com os quais Portugal trabalha "de forma muito próxima", por estarem geograficamente perto e por terem a mesma "forma de trabalhar", adiantou o responsável português da Defesa.
"Não há, neste momento, nenhum planeamento concreto, mas, naturalmente, se se justificasse estaríamos em contacto com esses países para trabalhar em conjunto", reforçou João Gomes Cravinho, notando que isso também aconteceria com crises semelhantes "noutras partes do mundo".
A reunião informal dos ministros da Defesa da UE ocorre numa altura de impasse na Venezuela, nomeadamente após o ultimato europeu para eleições naquele país.
Fernando Justino
Escrevi dois comentários a um
Escrevi dois comentários a um artigo da dep.Marisa Matias e não os vejo. Espero que este venha a ser publicado.
Estive 7 vezes na Venezuela entre 2009 e 2014. Sou português de origem brasileira, militante de esquerda há 50 anos. Tenho perguntas simples ao articulista e aos dirigentes do BE, que me parecem estar, disfarçadamente, "em cima do muro" nesta situação política e humanitária verdadeiramente trágica.
Se estão a favor de novas eleições, como esta Plataforma com a qul vocês parecem concordar:
1) Quem convoca e organiza as eleições?
2) Acreditam que a Assembleia Nacional Constituinte, convocada e dirigida na prática pelo regime chavista-madurista, tem legitimidade para anular os atos da Assembleia Nacional eleita em 2015?
3) Por que não apoiam a iniciativa de mediação de 8 países europeus e 4 latino-americanos, que já tiveram uma primeira reunião do Uruguai, um destes países?
4) Se a Assembleia Nacional, o parlamento unicameral venezuelano, tem convocado as maciças manifestações, não caberá a ela organizar eleições, ao invés de um governo eleito em eleições cuja legitimidade foi francamente posta em causa, com uma abstenção de 56% e ausência dos candidatos ou candidato mais representativos da oposição?
Por favor, respondam bem concretamente a estas perguntas e não se coloquem na posição de "nem um nem outro, muito antes pelo contrário, eu avisei, etc..." O momento é de decisões concretas por parte do povo venezuelano, das Forças Armadas, do governo de facto de Maduro e da comunidade internacional.
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