Trabalhadores do setor automóvel de Detroit votam esmagadoramente pela greve

01 de setembro 2023 - 17:19

A vaga de ativismo sindical continua em muitas empresas dos EUA. Nas maiores fábricas de carros do país luta-se agora por um horário semanal de 32 horas, aumento salarial de 46% ao longo de quatro anos, recuperação do esquema de pensões eliminado, menos precariedade e fim da discriminação salarial dos trabalhadores mais recentes.

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Foto do UAW.

Ford, General Motors e Stellantis (que fabrica as marcas Jeep e Chrysler), os três grandes do setor automóvel de Detroit, responsáveis por 3% do PIB dos EUA e pelo fabrico de metade dos carros vendidos no país, podem vir a enfrentar uma greve a partir de 14 de setembro.

Os 150.000 trabalhadores destas fábricas filiados no sindicato conhecido como United Auto Worker, que na realidade se chama International Union, United Automobile, Aerospace e Agricultural Implement Workers of America, decidiram-se pela greve se as suas reivindicações não forem aceites até ao final daquele prazo. O resultado da votação foi esmagador: 97% a favor da paralisação.

Os trabalhadores exigem um horário semanal de 32 horas, um aumento salarial de 46% ao longo de quatro anos, para recuperar o poder de compra perdido com a inflação, recuperação do esquema de pensões eliminado aquando da última crise financeira, menos contratos precários e mexidas nas escalas salariais que prejudicam os trabalhadores mais recentes.

O UAW lembra que as empresas usufruíram de grandes ajudas públicas supostamente para recuperar a atividade depois da pandemia, que tiveram lucros combinados de 21 mil milhões de dólares apenas nos primeiros seis meses do ano e que os CEO delas continuaram a ganhar muito. O eletricista Shawn Fain, recém-eleito líder deste sindicato, traz à baila o caso de Mary Barra, CEO da GM, que “ganhou 200 milhões de dólares nos últimos anos, enquanto os nosso salários retrocediam, disse à Bloomberg.

Um dos focos das negociações está na melhoria da situação dos trabalhadores temporários que “vivem de salário em salário, enquanto trabalham sete dias por semana e doze horas por dia em alguns lugares, sem garantias de futuro”, disse Fain, na sua página de Facebook, vincando ainda a disparidade salarial no início da carreira. Os salários iniciais estão agora abaixo dos níveis de 2007, mesmo sem ter em conta as perdas causadas pela recente subida da inflação e os contratados nos últimos tempos têm um sistema de saúde pior.

Continua vaga sindicalista nos EUA

O ano corrente poderá voltar a ser um dos mais agitados em termos de greves nos últimos anos. De acordo com as estatísticas do U.S. Bureau of Labor Statistics, 295.500 trabalhadores fizeram greve em julho.

A semana passada, soubesse que uma das possíveis maiores greves não se iria realizar depois dos trabalhadores da UPS afetos ao sindicato International Brotherhood of Teamsters terem aprovado por mais 86% um acordo com a empresa que resultará em aumentos salariais até 55% em cinco anos, um aumento de 2,75 dólares por hora este ano e 7,5 nos próximos. Os aumentos serão proporcionais e os trabalhadores mais mal pagos serão beneficiados, nomeadamente os trabalhadores em tempo parcial. Terminará igualmente o esquema salarial chamado two-tier que implicava pagar substancialmente menos aos trabalhadores mais recentes.

Para além disso, outras das principais reivindicações para além das questões salariais foram atendidas como a instalação de ares condicionados nos veículos e o fim da possibilidade de forçar os trabalhadores a trabalhar em dias de folga e a fazer horas extra.

Também no setor da distribuição, os pilotos da FedEx recusaram um acordo com a empresa em julho e as negociações recomeçarão em breve.

Entretanto, continuam as greves dos argumentistas de Hollywood, desde 2 de maio, e depois dos atores, que têm parado vários programas de televisão, filmes e séries.

No setor da aviação, os trabalhadores de sindicatos como o Southwest Airlines Pilots Association votaram já autorização para a direção decretar greve, numa altura em que algumas das principais companhias aéreas do país estão em negociações com os sindicatos.

Os trabalhadores das fábricas componentes de aeronáutica da Spirit AeroSystems fizeram uma semana de greve, tendo decidido terminá-la quando a empresa cedeu às suas exigências.

Na Starbucks mais de 3.000 trabalhadores fizeram greves no mês de junho depois da empresa ter alegadamente banido decorações do “mês do Orgulho” em algumas lojas.

Em Los Angeles, os trabalhadores do setor hoteleiro fizeram uma greve de três dias em julho. E em Nova Iorque, também tinha durado três dias a greve de mais de 700 enfermeiras.

Em abril, os trabalhadores dos dispensários de canábis da área de Chicago tinham feito uma greve de 13 dias contestando práticas laborais injustas.