EUA

Na noite em que venceu as eleições para a Câmara da maior cidade dos EUA, Mamdani disse: “se alguém pode mostrar a uma nação traída por Trump como derrotá-lo, é a cidade que o criou”. Mas esta não foi a única derrota de Donald Trump esta terça-feira.

Para lá das qualidades individuais e das redes sociais, o que podemos verdadeiramente aprender e adaptar da campanha de Mamdani?

Face à vantagem do candidato da esquerda nas sondagens para mayor de Nova Iorque, o Presidente dos EUA e o seu ex-aliado bilionário trocaram o apoio ao candidato republicano pelo apelo ao voto em Andrew Cuomo, o ex-governador que Mamdani derrotou nas primárias Democratas.

A reviravolta do Silicon Valley para passar a apoiar Trump é um acontecimento importante na política americana. Uma aliança que só se entende analisando o confronto entre EUA e China pelo controlo do setor digital.

Zohran Mamdani não opera com a mesma lógica que o establishment do Partido Democrata. Waleed Shahid explica cinco aspetos fundamentais de como Mamdani conseguiu romper barreiras.

Os trabalhadores apresentaram uma proposta que custaria aproximadamente 50 milhões de dólares ao longo de quatro anos. Isto é metade do custo de um único caça F-15 e do que a Boeing pagou aos seus dois últimos CEO “em paraquedas dourados”, lembra o sindicato.

Documentos internos da empresa mostram que o segundo maior empregador dos EUA pretende não só evitar contratações futuras mas cortar com postos de trabalho já existentes, trabalhando em estratégias para “controlar a narrativa” sobre esta mudança.

“A América não será governada por medo, força ou tomada de poder de um homem”, salienta organização. Não se trata só da “ganância, corrupção ou desprezo de um homem pela Constituição” mas do “punhado dos mais ricos do mundo que sequestram economia e sistema político para enriquecer à custa dos trabalhadores”, acrescenta Bernie Sanders.

Os trabalhadores portugueses da Bases das Lajes estão com salários em atraso. O Bloco de Esquerda fez aprovar uma moção no parlamento regional instando o governo a desenvolver esforços diplomáticos imediatos junto dos EUA com vista à regularização da situação.

Os assaltos extrajudiciais dos EUA a barcos nas costas da Venezuela mataram já 27 pessoas. O presidente dos EUA diz que pondera expandi-los para atacar também em terra. A CIA passa também a ter carta branca para realizar operações clandestinas de tudo o tipo.

Trump quer que acreditemos quando diz que os EUA vivem uma “insurreição” e uma “invasão interna” que exige tropas para a reprimir. É claro que não há insurreição nem invasão. Usa uma ferramenta clássica dos totalitários, exigindo obediência absoluta, incluindo a rejeição total da realidade.

A nova diretiva de segurança de Donald Trump classifica as convicções anticapitalistas como um indicador de violência política. A ironia: a análise estrutural feita pela esquerda, na verdade, afasta as pessoas de ataques solitários e leva-as à organização em massa por mudanças.

Entre os aliados de Trump escolhidos a dedo para tomar conta do algoritmo do TikTok nos EUA está o fundo MGX, da família real de Abu Dhabi, que garante um rendimento de dezenas de milhões de dólares anuais à família do Presidente.

A vaga de intimidação e censura que se abateu sobre quem recorde o extremismo de Charlie Kirk, assassinado a 10 de Setembro, não surgiu do nada. É o resultado de um projeto autoritário, concebido há muito por Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca.

“Serei vigiada? As minhas viagens serão restritas?”, questiona a filósofa judia que passou a constar numa lista enviada ao governo dos EUA com suspeitos de “antissemitismo”.

Da defesa da liberdade de expressão e crítica à cultura de cancelamento, passou-se para o ataque indiscriminado ao que se chama “discurso de ódio”. Há despedimentos, bullying, recusa de vistos, pressões fiscais sobre fundações e uma ordem executiva repressora a caminho.

Talvez continuar a sentir empatia quando tipos como Charlie Kirk pedem que deixemos de o fazer seja uma arma muito melhor do que uma espingarda para combater esta gente.

Kilmar Abrego Garcia tornou-se um símbolo da repressão anti-imigrantes de Trump quando o governo o enviou ilegalmente para El Salvador no início deste ano. Agora corre o risco de ser outra vez deportado, desta vez para um país com o qual não tem qualquer ligação. Nesta entrevista, Amy Goodman fala com Chris Newman, o advogado da família de Kilmar.

Na primeira semana de agosto, foram deportadas dos EUA quase 1.500 pessoas por dia. A continuar este ritmo, 400 mil pessoas poderão ser expulsas do país no primeiro ano do mandato de Donald Trump.

Com as tarifas de Trump, o regresso da questão anti-imperialista tomou a cena brasileira. Um nível que há muito não se via de “coesão social” repôs a agenda política, tirou o governo da defensiva e gerou uma desorganização nas hostes da extrema-direita.