Porto

Suspeitos de ataques racistas ligados à extrema-direita

06 de maio 2024 - 11:38

Os agressores atacaram na madrugada de sexta-feira. A polícia identificou seis suspeitos e suspeita que têm ligações à extrema-direita, nomeadamente ao “Grupo 1143” liderado pelo neonazi Mário Machado.

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Manifestação anti-racista no Porto depois das agressões.
Manifestação anti-racista no Porto depois das agressões. Foto do SOS Racismo.

Pelo menos três jornais nacionais, Público, Expresso e Diário de Notícias, informam que as autoridades policiais ligam o ataque racista ocorrido na madrugada da passada sexta-feira com a extrema-direita, nomeadamente com o “Grupo 1143”, liderado pelo neonazi Mário Machado.

O Público adianta que confirmou isto “junto de duas fontes diferentes”. As suspeitas recaem sobre seis homens. No primeiro dos ataques, às 00h40 no Campo 24 de Agosto, foram atacados dois argelinos por homens que usavam gorros e conseguiu-se identificar a matrícula da viatura. Pouco depois aconteceu a entrada forçada numa casa habitada por argelinos, o espancamento dos ocupantes e a destruição do recheio e, em seguida, às 03h15, na zona da Batalha, um marroquino foi agredido e o seu telemóvel roubado.

Neste último caso, a PSP conseguiu interpelar um cidadão português de 26 anos com antecedentes criminais por agressão e furto e que estava na posse de um bastão extensível. Depois disso, cinco pessoas dirigiram-se à esquadra à sua procura num carro. Precisamente aquele cuja matrícula tinha sido identificada no primeiro ataque e onde estava um gorro semelhante aos que foram usados no ataque.

A investigação passará agora para a Polícia Judiciária, informa o mesmo jornal, porque há suspeitas de crimes de ódio que são da competência desta força policial.

O Expresso indica que confirmou a ligação dos suspeitos ao “Grupo 1143”. O semanário acrescenta que “as autoridades portuguesas detêm informações de que os grupos de extrema-direita em Portugal estão em permanente contacto com filiados estrangeiros, alguns deles classificados nos seus países como grupos terroristas”. E cita o último Relatório Anual de Segurança Interna segundo o qual existe um “agravamento da ameaça representada por setores da extrema-direita” em Portugal com os neonazis e identitários que “retomaram a sua atividade, promovendo ações de rua e outras iniciativas com propósitos propagandísticos”.

Na noite de sábado mais de uma centena de ativistas e imigrantes participaram na concentração convocada pela SOS Racismo e outros coletivos daquela cidade em repúdio pelos ataques racistas da véspera a imigrantes magrebinos. 
 

Já no domingo, o Diário de Notícias tinha identificado os suspeitos como sendo portugueses, respondendo assim a uma campanha de desinformação da extrema-direita que começou a fazer circular notícias falsas alegando que os agressores seriam também de nacionalidade estrangeira. Na mesma notícia citavam-se fontes policiais para indicar as suspeitas de ligação à extrema-direita.