Mariana Mortágua: a extrema-direita cria onda de legitimação do racismo

05 de maio 2024 - 12:00

No Mercado Agrícola do Santo da Serra, na Madeira, a coordenadora bloquista sublinhou que combater o racismo passa por falar dele e “lidar” com passado colonial. Também criticou o governo que “só oferece confusão” e não cumpre promessas.

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Mariana Morágua, Roberto Almada e Dina Letra no Mercado Agrícola do Santo da Serra. Foto de HOMEM DE GOUVEIA/LUSA.
Mariana Morágua, Roberto Almada e Dina Letra no Mercado Agrícola do Santo da Serra. Foto de HOMEM DE GOUVEIA/LUSA.

Numa visita ao Mercado Agrícola do Santo da Serra, na Madeira, este domingo, Mariana Mortágua comentou os ataques racistas que aconteceram na madrugada de sábado no Porto. Para ela, “não podemos permitir atos racistas em Portugal” e “certamente teremos que ter sempre tolerância zero a este tipo de ataques violentos e criminosos”.

Mas a dirigente partidária não deixou de apontar o dedo também à “legitimação do discurso racista” que ocorreu “com a eleição de 50 deputados de extrema-direita”, o que “cria uma onda que é favorável a este tipo de atos violentos”.

Assim, “combater o racismo significa não só condenar estes atos, não só puni-los de forma exemplar, mas admitir e enfrentar o problema”. O que passa por “lidar” com passado colonial “fazendo essa história, reconciliando-se com o seu próprio passado, sem nenhum impedimento, sem nenhum pudor, porque uma democracia é assim mesmo”. E também por compreender que “esse passado deixou marcas no presente e uma dessas marcas é o racismo e que durante muito tempo esteve ocultado e hoje se mostra em todo o seu esplendor que é violência”. Há então que “combater o racismo falando sobre ele”.

O governo não está a cumprir promessas e só oferece “confusão”

Questionada sobre as declarações dos partidos da coligação de governo sobre uma “coligação negativa no Parlamento, reiterou que, desde o início da campanha eleitoral, o Bloco tinha dito “que a direita só tinha a oferecer ao país confusão” e que “todos os governos acham que cada vez que um partido apresenta as suas propostas e vota de acordo com as suas convicções” dizem que “há sempre uma coligação negativa”.

Pela sua parte, garantiu, o Bloco de Esquerda “apresenta as propostas que são essenciais” como as que foram aprovadas recentemente para baixar “o imposto que as pessoas pagam, nomeadamente com juros do crédito à habitação”. O que fará “o país ficar melhor”, o mesmo se passando na questão das portagens.

Por outro lado, o governo de Luís Montenegro “foi dizendo muitas coisas ao longo do ano” mas “as únicas promessas” que mantém são “as promessas com as grandes empresas, com o baixar os impostos sobre os grandes lucros. Já a descida do IRS foi “uma falsidade” e agora, nas negociações com os funcionários públicos, o governo também “não cumpre o seu compromisso”.