A Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária deteve esta terça-feira em Vila Real um homem de 30 anos, luso-brasileiro, “fortemente indiciado de ter difundido nas redes sociais uma publicação na qual incita à violência contra um grupo de pessoas de nacionalidade estrangeira”.
Trata-se de Bruno Silva, que se apresentava nas redes sociais como “um dos primeiros militantes do Chega” e ali destilava o seu ódio racista, em particular contra a comunidade brasileira. Entre os seus alvos preferidos das ameaças estavam duas jornalistas brasileiras a trabalhar em Portugal, que apresentaram queixas. Foi uma dessas queixas que deu origem à investigação, a propósito de uma publicação em que Bruno Silva prometia oferecer um apartamento no centro de Lisboa a quem realizasse um massacre e exterminasse pelo menos 100 brasileiros em Portugal e um bónus adicional de 100 mil euros a quem atentasse contra a vida da jornalista.
Misoginia entre os jovens
PJ alerta para radicalização juvenil que tem as mulheres “como alvo a abater"
A Polícia Judiciária confirmou que o detido tem antecedentes policiais por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, e viu apreendidos nas buscas realizadas “vastos elementos de prova relativos ao seu radicalismo ideológico”.
Em reação à detenção, a jornalista Stefani Costa, correspondente da Opera Mundi que era o alvo da publicação e apresentou queixa contra Bruno Silva, republicou as notícias da sua detenção dizendo que este é “um grande dia”. Também a jornalista do Diário de Notícias Amanda Lima publicou algumas das ameaças que recebeu do agora detido nas redes sociais e escreveu que as “minhas lágrimas neste momento são de alívio. Mais de um ano depois da minha primeira queixa na PJ contra ele. Hoje é um dia em que me sinto mais segura em Portugal, mas ainda há muitos mais que continuam impunes”.
No mesmo dia, o diretor da Polícia Judiciária voltou a alertar que “os crimes de ódio estão em pleno crescimento. Há uma grande difusão destas mensagens, designadamente contra mulheres. Perseguem-nas, perseguem pessoas de outras nacionalidades, de outros credos, de outras raças”, relatou Luís Neves, citado pela agência Lusa, antes de prometer um “combate feroz por parte da PJ” a estes crimes de ódio da extrema-direita.
“Estamos a falar de crimes politicamente motivados e essa é uma das grandes preocupações, a par da violência que também decorre da difusão destas mensagens, muitas vezes assente na manipulação, nas ‘fake news'”, acrescentou.