Habitação

Salário mínimo não paga a renda sem ultrapassar taxa de esforço nas grandes cidades

27 de setembro 2024 - 12:35

Preços das rendas nunca aumentaram tanto. Trabalhadores que recebam o salário mínimo não conseguem pagar renda sem ultrapassar a taxa de esforço.

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Fachada de prédio
Fotografia de Paulete Matos

Um salário mínimo nacional não chega para alugar uma casa nas grandes cidades sem ultrapassar a taxa de esforço. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, as casas nos concelhos de Lisboa e Porto e nas periferias destas cidades ultrapassam em média o preço por metro quadrado que permite a um trabalhador que ganhe €820 alugar uma casa com 50 metros quadrados sem exceder a taxa de esforço por larga margem.

Na Grande Lisboa, Sintra é o concelho com o preço de metro quadrado mais baixo, a €10 por metro quadrado. Isso significa que uma casa de 50 metros quadrados custará cerca de €500 para arrendar. Ora, com a taxa de esforço de 35% sobre um ordenado mínimo, que significa uma despesa de €287, arrendar uma pequena casa em Sintra é incomportável.

O mesmo se pode dizer para Loures (€10,6 por metro quadrado), Amadora (€11,5), Odivelas (€11,7), Oeiras ( €13,3) ou Cascais (€15,3). No próprio concelho de Lisboa, esse valor está nos €16, o que significa que arrendar uma casa com 50 metros quadrados custa €800.

No Porto, a situação não melhora muito: o preço médio do metro quadrado é de €12,85 e alugar uma pequena casa fica acima dos €600. Dos concelhos circundantes o mais caro é Matosinhos (€11,1), seguido de Vila Nova de Gaia (€9,5) e da Maia (€8,3). O município mais barato é Gondomar (€7,65), mas mesmo aí, arrendar uma casa com 50 metros quadrados custará cerca de €382, mantendo-se acima do valor previsto para a taxa de esforço de um salário mínimo.

Os preços das casas nunca subiram tanto como no segundo trimestre de 2024. A renda mediana dos contratos de habitação registou um crescimento homólogo de 11,1% e foram registados, durante esse trimestre, 22.181 novos contratos de arrendamento. Por todo o país o aumento do número de contratos foi superior em relação ao trimestre homólogo, à exceção do ano anterior.

Outra estatística publicada recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística mostra que a privação severa de condições de habitação subiu de 4,7% em 2015 para 6% em 2023.

Para este sábado, dia 28 de setembro, está marcada mais uma manifestação nacional pelo direito à habitação em mais de 20 cidades por todo o países.

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