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Preso político angolano agradece apoio do Bloco do Esquerda
Numa missiva datada de 24 de Janeiro, Sedrick de Carvalho, um dos 15 presos políticos em Luanda, revela que foi privado do acesso a notícias e que o processo judicial demonstra a “inexistência de democracia” em Angola.
A carta enviada ao Bloco de Esquerda tem como assunto: “agradecimentos profundos” e “saudações especiais, do fundo do coração!”. O jornalista Sedrick de Carvalho agradece todo o apoio do Bloco durante a fase mais crítica da prisão, “na esperança de ver os Direitos Humanos respeitados e a Democracia implementada”. “Falo apenas por mim, mas sei que a gratidão é colectiva”, acrescenta ainda.
Recorde-se que no dia 3 de julho de 2015, o Bloco e o deputado do PS Pedro Delgado Alves ficaram sozinhos, no parlamento, na condenação da "repressão política em Angola" e no apelo ao fim da detenção do grupo de jovens opositores do regime. Este voto, discutido ainda no tempo do anterior governo de direita, teve a oposição do PSD, PS, CDS, PCP e Verdes.
Entretanto, no passado dia 8 de janeiro, o PSD, CDS-PP e PCP rejeitaram novamente um novo voto de condenação apresentado pelo Bloco de Esquerda sobre a situação da "repressão em Angola" e que continha um apelo à libertação dos "ativistas detidos". Esta iniciativa teve a abstenção dos Verdes e do PS, com a exceção de sete deputados socialistas (Alexandre Quintanilha, Isabel Moreira, Inês de Medeiros, Isabel Santos, Pedro Delgado Alves, Tiago Barbosa Ribeiro e Wanda Guimarães), e do PAN que também votou a favor.
O Esquerda.net transcreve aqui, na íntegra, a carta de Sedrick de Carvalho:
Ao Bloco de Esquerda
Luanda
Assunto: Agradecimentos Profundos
Saudações especiais, do fundo do coração!
O meu nome é Sedrick de Carvalho. Sou, infelizmente, um dos 15 presos políticos que se encontram encarcerado desde 20 de Junho de 2015, ilegal e injustamente acusados de tentativa de golpe de Estado pelo regime angolano, o mesmo vigente desde 1975. E digo "infelizmente" pelo facto de existir tal "categoria" de preso no meu país, Angola, o que demonstra, e muito bem, a inexistência de Democracia nesta parcela do mundo. Não há dúvidas disso!
Por esta carta venho agradecer por todo apoio prestado pelo Bloco de Esquerda durante a fase mais crítica da nossa prisão, e que continua e continuará a prestar, acredito, tudo isto em prol da nossa libertação e, certamente, na esperança de ver os Direitos Humanos respeitados e a Democracia implementada. Falo apenas por mim, mas sei que a gratidão é colectiva.
Ao longo dos seis meses em regime fechado, não nos foi permitido (pelo menos eu e os seis companheiros que estiveram comigo na prisão Calomboloca) assistir, ler e ouvir órgãos de informações - excepto ler o Jornal de Angola, caixa de ressonância do Governo.
Digo isto para realçar que só em casa, agora em prisão domiciliar, está a ser possível perceber a gigantesca onda de solidariedade proveniente de Portugal, inclusive ao nível político - claro que é da parte do Vosso Partido, só podia. Muito obrigado!
Enquanto nos chegavam relatos de esforços "titânicos" pedindo "Liberdade Já", passou a ser indispensável a realização de uma conferéncia de imprensa conjunta para agradecemos pelo apoio interno e externo. Mas, por enquanto, não é possível.
Para terminar, aproveito desejar tudo de bom para o Novo Ano. Que o Bloco de Esquerda permaneça sólido, inovador e sempre democrático.
Com muita estima!
Luanda, 24 de Janeiro de 2016
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