Está aqui

Portugal acolhe refugiados do navio Alan Kurdi

Portugal e mais 3 países europeus vão acolher 64 migrantes parados há mais de uma semana no meio do mar mediterrâneo. Itália e Malta tinham recusado a atracagem do navio Alan Kurdi.
Navio Alan Kurdi. Foto sea-eye.org.
Navio Alan Kurdi. Foto sea-eye.org.

Portugal, Alemanha, França e Luxemburgo vão acolher os 64 migrantes parados há mais de uma semana no navio humanitário Alan Kurdi — nome que homenageia o menino sírio de 3 anos cujo cadáver deu à costa numa praia turca em 2015, numa foto que se tornou num símbolo do drama dos refugiados no mediterrâneo. O ministério da Administração Interna português manifestou esta manhã disponibilidade para acolher 10 destes migrantes.

O Alan Kurdi, navio de resgate humanitário de bandeira alemã, pertencente à organização Sea-Eye, esteve vários dias parado no Mediterrâneo, sem porto onde atracar, depois de Itália e Malta terem recusado a entrada dos migrantes a bordo – 50 homens, 12 mulheres e 2 crianças. As autoridade maltesas argumentam que a atividade deste navios humanitários encoraja os traficantes de seres humanos. Durante o impasse, a Sea-Eye fez vários pedidos a Malta e a Itália para autorizarem um desembarque, pois o navio já se encontrava sem comida ou água. Nenhum dos países deu autorização, e as autoridades italianas impediram a aproximação do navio à ilha de Lampedusa.

Pela manhã deste sábado, Malta adiantou a existência de um acordo para distribuir os migrantes. Como o Alan Kurdi continua a não poder atracar, barcos malteses vão receber os migrantes no mar e levá-los para portos na ilha, de onde serão reencaminhados para os quatro países de destino.

Não é a primeira vez que países europeus fecham as portas a barcos com migrantes e refugiados. A mesma Sea-Eye já teve em janeiro dois navios na mesma situação, o Sea-Watch 3 e o Professor Albrecht Penck. Os navios, que haviam recolhido 50 migrantes de outras embarcações sem condições de segurança na costa da Líbia, ficaram também várias semanas parados no mar. Na altura, o caso resolveu-se quando oito países aceitaram recebê-los, entre eles Portugal.

Perante o fechar de portas de alguns países aos migrantes em desespero no mediterrâneo, este tipo de situações tem-se resolvido numa base ad-hoc, com outros países a avançar para conceder asilo. Foi de novo o caso. Na falta de uma política europeia integrada que enfrente o problema, é provável que estas situações continuem a repetir-se.

Termos relacionados Crise dos refugiados, Internacional
(...)