Poluição rodoviária continua a aumentar em Portugal

18 de setembro 2023 - 13:07

Entre julho de 2022 e julho de 2023, as emissões associadas ao consumo de gasóleo e gasolina aumentaram 6,2% em relação ao período pré-pandemia.

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autoestrada
Foto de Paulete Matos.

Apesar do aumento do preço dos combustíveis, da subida do número de trabalhadores em regime de teletrabalho ou híbrido e da perda acentuada do poder de compra dos portugueses, o país assistiu no último ano a um aumento das emissões de gases geradas pelo transporte rodoviário.

Os números citados pela agência Lusa foram revelados pela associação ambientalista Zero, que aponta uma subida de 6,2% entre os meses de julho de 2022 e 2023, quando comparados com o mesmo período entre 2018 e 2019. Se a comparação for feita com o ano anterior (2021/2022), o aumento foi de 5,4%.

O maior aumento destas emissões diz respeito ao consumo de gasolina (12,9%), bem acima do registado no gasóleo (4,9%), o que leva à conclusão que por detrás deste aumento das emissões está sobretudo o uso de veículos ligeiros de passageiros e não o de pesados de passageiros e mercadorias.

Para encontrar explicações para este aumento, a Zero avança com várias hipóteses. Entre elas está a crise na habitação que levou à perda de 70 mil residentes dos concelhos do Porto e Lisboa, o que pode ter levado ao aumento dos movimentos pendulares com recurso ao automóvel. Também o aumento do turismo pode ser responsável pela maior utilização dos veículos de aluguer. Ou “a grande expansão dos regimes de trabalho parcial ou totalmente remotos pode ter reduzido o custo relativo do uso do transporte individual em relação aos passes sociais, aumentando a atratividade do automóvel”, refere a associação.

Também as emissões ligadas ao setor da aviação aumentaram 4,7% em relação ao ano antes da pandemia. Para atingir as metas climáticas de 2030, as emissões do setor dos transportes teriam de ser reduzidas anualmente em 2% a partir do próximo ano, alerta a associação.

Para o transporte rodoviário, a Zero diz que é “absolutamente crítico” adequar as políticas públicas a este cenário, com melhores passes de transporte, apoios públicos a veículos elétricos e o reforço da ferrovia. Por outro lado, “é preciso rever fortemente os incentivos que as empresas ainda têm à aquisição de combustíveis e de veículos movidos a combustíveis fósseis", bem como ao pagamento de portagens e estacionamento.

“É também urgente não só estancar a saída, como começar a fazer regressar residentes ao centro das maiores cidades portuguesas”, com melhores redes de transporte público e “onde mais facilmente se pode dispensar o uso de automóvel individual”, assinala.