Personalidades de vários quadrantes políticos, onde se incluem a ex-ministra da Saúde Maria de Belém, o atual bastonário da Ordem dos Médicos Carlos Cortes, o ex-Diretor Geral de Saúde Constantino Sakellarides, o ex-bastonário da Ordem dos Farmacêuticos José Aranda da Silva ou o médico e investigador Manuel Sobrinho Simões, juntaram-se numa iniciativa divulgada esta sexta-feira pela Fundação para a Saúde.
Num manifesto, contestam o que chamam de "esvaimento da ideia de Centro de Saúde”, que foi a marca deixada pelo SNS há 50 anos e seguida por outros países enquanto “o espaço de proximidade onde as pessoas encontram o seu SNS, aprendem a conhecê-lo, são ouvidas, cuidadas, orientadas, referenciadas, seguidas” tanto na saúde como na doença.
Os signatários denunciam que “subitamente” há centros de saúde que “já não atendem os seus utentes ao telefone, que respondem ao correio eletrónico com inaceitáveis demoras, e os informam que agora também não os atenderão em caso de doença aguda”, tendo estes de recorrer à linha telefónica SNS24, o que “mesmo em período de baixa intensidade de doença aguda, pode demorar tempos insuportáveis para ser atendida”.
“Não foi para substituir a equipa de saúde familiar que a Linha SNS24 foi criada”
Em seguida, do outro lado do telefone, “um profissional, que não conhece a pessoa de todo, nem tem acesso à sua informação de saúde, perguntará o que o algoritmo precisa para ‘tomar uma decisão’ sobre o seu destino”, prosseguem, contrapondo que “não foi para substituir a equipa de saúde familiar que a Linha SNS24 foi criada”.
Defendem que a Linha SNS24 será útil “se atender a tempo nas semanas de alta incidência de doença aguda” e se der resposta aos utentes que ainda não têm equipa de saúde familiar, ou ainda se prestar informação útil em várias circunstâncias. Mas é ao centro de saúde e às suas equipas, “com aquilo que conhecem dos seus utentes e com a informação ao seu dispor sobre eles, na base da sua relação de confiança”, que deve competir a orientação do seu acesso aos cuidados de saúde de que necessitam.
“Queremos que seja onde nos conhecem, onde criamos relações de confiança, que seja feita a gestão do acesso aos cuidados de que necessitamos. Especialmente em casos de aflição, na doença aguda”, defendem os signatários, rejeitando a substituição dos centros de saúde por “postos de consultas” presenciais ou à distância, públicas ou privadas.
“Exigimos o nosso centro de saúde de volta”, conclui o manifesto que pode ser subscrito aqui e conta como promotores Ana Advinha, Ana Escoval, Ana Paula Gato, Alcindo Maciel Barbosa, Alexandra Fernandes, António Leuschner, Carlos Cortes, Carlos Monjardino, Constantino Sakellarides, Eduardo Paz Ferreira, Filipe Alfaiate, Henrique Barros, Isabel Abreu, José Aranda da Silva, José Luís Biscaia, Júlio Machado Vaz, Manuel Lopes, Manuel Sobrinho Simões, Margarida Santos, Maria de Belém Roseira, Mirieme Ferreira, Patrícia Barbosa, Paula Santana, Pedro Lopes Ferreira, Pedro Maciel Barbosa, Ricardo Paes Mamede, Rui Monteiro, Rui Pato, Sofia Crisóstomo e Vítor Melícias.