Está aqui

Onde a direita quer a lei da selva, é a força do Bloco que defende quem trabalha

No Porto, Catarina desmontou as “mentiras” da direita sobre trabalho e mérito para as gerações mais jovens, mentiras que “perpetuam” a precariedade e baixos salários. “Estas eleições são sobre se nos resignamos a esta ideia onde sonhar com um salário digno ou uma carreira respeitável tem de ser igual a sonhar com emigrar”.
Foto de Pedro Almeida, esquerda.net

Se, de manhã, em Matosinhos, falou sobre pensões, no Porto falou sobre salários e precariedade. Destacando as intervenções de Hugo Veludo e Teresa Summavielle sobre precariedade na Ciência e Cultura, começou por dizer que “esta crise mostrou ao público os precários que trabalhavam atrás do palco, e esta visibilidade trará conquistas”.

Face à geração mais qualificada de sempre, “é bom lembrar que não haverá que não haverá futuro se a precariedade ficar acima da Cultura, do Conhecimento e da Ciência. A Teresa, como muitos outros e outras, não regatearam horas. Estiveram na linha da frente na resposta à crise, e não podem ficar sem resposta quando o contrato terminar. Têm de ter o compromisso fundo de que queremos Ciência e queremos Educação, queremos um Ensino Superior em Portugal quando quem trabalha nas áreas do Conhecimento tem um contrato de trabalho e aí sim, estaremos a apostar no futuro do país”.

As estatísticas revelam que contratos precários têm, em média, salários 30% abaixo de contratos permanentes. Em 2020, perante a crise, duas mil mulheres grávidas ou em licença parental foram despedidas, um recorde nacional.

Se a precariedade abrange a maioria dos trabalhadores, os mais jovens continuam a ser os mais precários” mas, relembra, “há tantos e tantas cada vez menos jovens que ainda não saíram da situação de precariedade”, e que estão sujeitos a escolhas impossíveis quando, por exemplo, sujeitam as pessoas a “contratos precários com salários mais baixos do que as rendas das casas”.

Esta, diz, é uma das principais causas “para que um em cada três jovens pense em emigrar para conseguir um salário digno”. “Estas eleições são sobre isso mesmo, se nos resignamos a esta ideia onde sonhar com um salário digno ou uma carreira respeitável tem de ser igual a sonhar com emigrar. Estamos convictos e convictas de que temos sim de garantir as condições de salário e carreira digna em Portugal. E é sobre isso que lutamos: toda a gente tem o direito absoluto de circular  pelo mundo, mas não se tira a ninguém o direito de trabalhar e ficar na terra onde nasceu e escolheu ficar”.

“Ninguém deu uma boa razão para existirem empresas de trabalho temporário. Porque razão precisa uma empresa de contratar outra empresa para contratar trabalhadores exceto se for para roubar salário e direitos?”, questiona.

Depois, “há quem não tenha qualquer contrato”, em setores, como o Turismo, que atingem valores recorde de receitas mas, perante a pandemia, “se revelou que afinal não tinham qualquer trabalhador com contrato. Esta realidade do recibo verde e da informalidade, retira capacidade de pensar a vida no dia seguinte. Pensemos nos trabalhadores por turnos, em turnos absurdos, tão absurdos que uma pessoa não consegue estar com a família, desfazendo a saúde, a família, e a capacidade de as pessoas terem vida, porque a vida não pode ser só correr para o trabalho”.

Depois, desmontou a narrativa da direita sobre mérito e trabalho. “Uma das ideias é que tudo se resolve baixando impostos. Que nos diz este projeto sobre as horas onde as pessoas trabalham e não podem ir para casa estar com a família? De que nos adianta mexer nos impostos se não mexemos nas regras? Dará a alguém o conforto de saber a que horas é que sai do trabalho para estar com amigos e família? Dará a alguém o conforto de saber que vai ter salário no mês e no ano seguinte para poder pagar a casa?”, questionou.

A direita “tentou convencer as novas gerações de que, com mérito, não são necessárias regras laborais” mas, depois do estágio, “veio outro para o teu lugar e tu foste para o olho da rua”. Depois do contrato a prazo e de todas as horas extraordinárias não pagas, “no fim do período experimental e do contrato a prazo, foste para a rua”.

“A mentira da direita, de que o que falta para as gerações mais jovens não viverem com o coração nas mãos é apenas o mérito, é uma mentira para o abuso e para a perpetuação da precariedade e dos baixos salários. Onde a direita quer a lei da selva, é a força do Bloco que vai defender quem trabalha”, concluiu.

Precários da Casa da Música “ficaram com a vida suspensa”

Hugo Veludo, assistente de sala na Casa da Música, lançou a questão: Porque razão só agora ouvimos falar da Casa da Música? “Na verdade, desde 2005 que a Casa tem trabalhadores a recibos verdes”, explica. “Com a crise pandémica, os precários que garantiam necessidades permanentes há quinze anos ficaram com a vida em suspenso. Desde março de 2020 que ficámos sem apoio ou rendimentos e, houve um corajoso grupo de trabalhadores do quadro que se juntaram aos precários num manifesto para denunciar os abusos laborais da CdM”.

Hoje, “continuamos com falsos recibos verdes, e pessoas com as vidas em suspenso num ícone local e nacional como a CdM”. E destacou o trabalho de José Soeiro, que “esteve sempre do nosso lado, incansável, a dar-nos o seu apoio”, levando os trabalhadores para uma audição na Assembleia da República. “É esta proximidade que o Bloco de Esquerda nos garante. Foi isto que fez a administração sentir na pele consequências”.

 

Termos relacionados Legislativas 2022, Política
(...)