Há 50 anos, o Movimento de Libertação das Mulheres organizava em Lisboa um protesto que ficou na história do movimento feminista em Portugal. Uma multidão de homens cercou as ativistas, insultando-as, assediando-as e agredindo-as, como recordou ao Esquerda.net em 2021 a poetisa Maria Teresa Horta, uma das organizadoras.
50 anos depois, a Plataforma Feminista e a Rede 8 de Março quiseram assinalar este dia para reclamar a continuação do legado dessas ativistas “na luta pela liberdade e pela libertação de todas” e convocar a manifestação do próximo Dia Internacional da Mulher em Lisboa, com ponto de encontro no Marquês de Pombal às 15h.
Feminismo
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“No dia 8 de março queremos encher a Avenida da Liberdade com a diversidade dos nossos corpos e das nossas vozes”, anunciaram as ativistas em comunicado.
Em declarações à TSF, Dejanira Vidal afirmou que o “Estado tem vindo a falhar a todas as mulheres” e as mortes de mulheres em contexto de violência de género são um exemplo disso. "Não podemos continuar a ter mais vítimas que, depois das queixas feitas, continuam a ser assassinadas pelos seus companheiros", afirma a ativista, defendendo que as mulheres vítiams de violência têm direito ao “apoio psicológico e económico”.
Entre as reivindicações desta mobilização feminista está o “acesso efetivo à interrupção voluntária da gravidez em todo o país, com prazos e procedimentos que respeitem a nossa livre decisão”, o fim da esterilização forçada das pessoas com deficiência e a garantia de todos os direitos na gravidez e no parto. “Queremos maternidades abertas, com profissionais e condições. Exigimos o fim de todas as formas de violência obstétrica”, reclamam.
Outras exigências passam pela liberdade e igualdade ”em casa, na escola, no trabalho, nas ruas, em todas as dimensões da vida”, o que implica “salário igual, uma responsabilidade partilhada e coletiva pelo trabalho doméstico e pelos cuidados”, o direito à habitação “e a não termos de ser nós a sair de casa por causa dos agressores” e o fim do assédio e de todas as formas de violência sexual.
Por outro lado, afirmam que nesta luta “não deixamos nenhuma para trás” e rejeitam ver a sua segurança instrumentalizada com o objetivo de atacar as pessoas migrantes e racializadas. Desta forma apelam à participação de “mulheres e raparigas de todas as idades, com deficiência, brancas, negras ou racializadas, migrantes, trabalhadoras do sexo, utilizadoras de drogas, lésbicas, bissexuais, heterossexuais, cis, trans ou pessoas não-binárias, todas as pessoas feministas” na manifestação do próximo 8 de Março em Lisboa “pela libertação de todas as mulheres”.