"Para a FNAM, a valorização do trabalho médico tem de ser baseada no salário base e não em critérios de produtividade. Os médicos e as médicas não são como bolachas numa fábrica", disse a presidente da Federação Nacional dos Médicos, citada pela Lusa, no final da reunião do seu Conselho Nacional. Durante mais de cinco horas, os dirigentes da FNAM analisaram a proposta recebida apenas na véspera do fim do prazo negocial do Governo, que durou mais de um ano.
“O Governo tem tratado os médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde], e sobretudo a saúde em Portugal, com enorme falta de respeito (…). Temos greve marcada para a semana [5 e 6 de julho] e não excluímos a hipótese de fazer na primeira semana de agosto”, prosseguiu Joana Bordalo e Sá, após constatar a ausência das principais exigências dos médicos na proposta enviada pelo Governo.
Para a dirigente sindical, a proposta de melhoria das condições salariais apresentada “após 14 meses” de negociação, o que considerou “inadmissível”, “mais parece um rascunho”. E considera que “dado o excedente orçamental e a importância do SNS”, é “fundamental que o Ministério das Finanças desbloqueie as verbas necessárias para que o Ministério da Saúde tenha vontade política de implementar as medidas necessárias para os médicos”.
"Os médicos não funcionam como numa fábrica"
Com as negociações a prolongarem-se para os dias 7 e 11 de julho, a FNAM levará para a mesa negocial uma contraproposta para assegurar que todos os médicos sejam contemplados com uma real valorização salarial, pois “não admite que os médicos internos, que representam cerca de um terço do SNS, sejam deixados para trás”, o mesmo acontecendo aos médicos de família nas Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) ou os médicos de saúde pública.
Por outro lado, na proposta de Pizarro “apenas está prevista uma valorização salarial se os médicos produzirem mais, mas os médicos não funcionam como numa fábrica. Trabalham num centro de saúde ou num hospital a ver doentes, a atender e a ajudar utentes. Não é possível usar métodos de produção nesta área”, defendeu Joana Bordalo e Sá.
A proposta do Governo também não agradou ao Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que anunciou na sexta-feira uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna". O SIM volta às negociações no dia 5 de julho.