Médicos avisam que podem fazer greve no verão

24 de maio 2023 - 16:08

A FNAM diz que a paciência dos médicos se está a esgotar enquanto o Governo insiste em não apresentar uma proposta negocial para as grelhas salariais da classe.

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Médicos da FNAM em protesto. Foto da FNAM/Facebook.
Médicos da FNAM em protesto. Foto da FNAM/Facebook.

Em comunicado, a comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos posiciona-se sobre a reunião negocial ocorrida esta terça-feira, acusando o Ministério da Saúde de não ter apresentado uma proposta para as grelhas salariais da classe, assunto que considera “fundamental para o atual sucesso do concurso para recém-especialistas”. A resposta sindical imediata será a limitação das horas extraordinárias até às 150 horas anuais obrigatórias.

Notando que se está “a 39 dias do fim do protocolo negocial”, questiona-se “o verdadeiro objetivo” do “sucessivo adiamento” da discussão dos temas que considera indispensáveis.

A direção do sindicato denuncia ainda que a forma como estas reuniões têm sido organizadas “revela algum amadorismo, tendo sido enviada a ordem de trabalhos na noite anterior, sem nenhum documento de apoio. Por exemplo, nota-se que houve “avanços relativamente à generalização do modelo B das Unidades de Saúde Familiar”, mas “não foram apresentados quaisquer documentos, sobre este ou qualquer outro assunto”.

Para além da medida de luta da limitação das horas extraordinárias anuais ao limite obrigatório, mas que é ultrapassado todos os anos dada a falta de contratações no SNS, a FNAM diz estar “preparada para avançar com nova greve durante os meses de verão”. Isto mesmo confirma Joana Bordalo e Sá, a sua presidente, em declarações à Lusa, acrescentando que “a paciência está a esgotar-se”.

A dirigente sindical sublinha que não há “um problema de falta de médicos em Portugal, temos um problema de falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde” e liga isto com os concursos para especialistas em que os médicos não aceitam vaga, pois “não conseguem ver nas atuais condições de trabalho, uma perspetiva de um trabalho digno”.

Manifestação em defesa do SNS a 3 de junho em Lisboa

Nos últimos dois meses, cerca de duas mil pessoas, profissionais e utentes do SNS com diversos percursos cívicos, reuniram-se em torno do Manifesto Pelo Direito à Saúde, Mais SNS (link is external). No documento, os subscritores alertam que “Portugal não suporta mais esperas e falhas nos cuidados de saúde” e que “só haverá verdadeiro acesso à saúde se não desistirmos do combate por um Serviço Nacional de Saúde público, qualificado e universal, pago com os nossos impostos”.

O movimento está a realizar reuniões em vários distritos. A próxima será esta quarta-feira dia 24, pelas 21h, na Cooperativa do Povo Portuense, no Porto. Para dia 3 de junho está agendada uma grande manifestação cidadã, em Lisboa, pelo reforço do SNS e pela garantia dos cuidados de saúde. O ponto de encontro será no Largo de Camões, pelas 15h.

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