O exército israelita divulgou no domingo um relatório sobre o assassinato de 15 paramédicos e trabalhadores humanitários a 23 de março no qual se desculpa com uma série de “falhas profissionais” e conclui que não foi encontrada “nenhuma prova para apoiar alegações de execução ou que qualquer um dos falecidos estava preso antes ou depois do tiroteio”.
Assim, dele resultará apenas a demissão do vice-comandante do Batalhão de Reconhecimento Golani, acusado de um erro pessoal que teria resultado na matança, e uma reprimenda ao comandante da 14ª Brigada.
O exército sionista decidiu portanto ignorar todas as provas que têm sido apresentadas em sentido contrário e acaba até por culpar, sem apresentar quaisquer provas, seis dos trabalhadores humanitários assassinados e colocados numa vala comum como “terroristas”.
Numa primeira versão, os militares tinham apresentado a versão de que as ambulâncias em que estas pessoas se deslocaram ao local, para prestar auxílio a vítimas de outro ataque sionista, não estavam identificadas e a aproximação tinha acontecido de forma “suspeita”. Um vídeo gravado por um dos assassinados e divulgado pelo New York Times demonstrou entretanto a falsidade destas alegações e várias testemunhas deram conta de sinais de execução em vítimas.
Em reação a este relatório, Younis al-Khatib, presidente da Sociedade do Crescente Vermelho da Palestina sublinhou em declarações à televisão Al-Araby a natureza “contraditória” e “cheia de mentiras” da narrativa do exército sionista e sublinha que “é incompreensível por que os soldados da ocupação enterraram os corpos dos paramédicos de maneira criminosa” e que já foi provada “a falsidade da narrativa do ocupante em relação à visibilidade limitada no local”. Face a isto, exige-se “uma investigação independente e imparcial deve ser conduzida por um órgão da ONU”.
Também o grupo israelita Quebrar o Silêncio, que condena a ocupação, critica o documento considerando-o “cheio de contradições, fraseado vago e detalhes seletivos”. Diz que é um “encobrimento” com “mais vidas inocentes ceifadas sem responsabilização” e insiste também que há um vídeo que expõe claramente a “mentira”.
Gaza sem alimentos e remédios há 50 dias
Nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza foram mortas no território mais 39 pessoas, elevando o número de vítimas da ofensiva sionista dos últimos 18 meses em Gaza a 51.240. Há a registar igualmente mais 62 feridos, sendo o número total de feridos até ao momento de 116.931.
A Faixa de Gaza vive ainda um corte das ligações ao exterior, tornando impossível a chegada de ajuda humanitária. Nesse sentido, o Programa Alimentar Mundial divulgou uma mensagem no X onde sublinha “Gaza precisa de comida agora”.
As forças sionistas estão há mais de 50 dias a impedir a entrada de comida, medicamentos e outro material médico, assim como qualquer tipo de ajuda.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários indica ainda que a falta de água se agrava, com mais de metade dos pontos de acesso e instalações sanitárias inacessíveis, o que resulta num “acesso drasticamente reduzido a água potável, comprometendo a higiene básica e a saúde pública”, e que a falta de equipamento e os assassinatos de trabalhadores que prestam auxilio coloca em causa os esforços de ajuda às vítimas dos ataques de Israel. Isto para além da maior parte das instalações de saúde não estarem funcionais.