Margarida Tengarrinha nasceu em Portimão, a 7 de maio de 1928. Em 1949, aderiu ao MUD Juvenil na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, integrando a sua Direção Universitária. Em meados de 1952, aderiu ao Partido Comunista Português.
Fez parte da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos, entre 1952 e 1954, e da Comissão de Mulheres, que preparou com Maria Lamas a ida de uma delegação de Mulheres Portuguesas ao Congresso Internacional de Mulheres em Copenhaga em 1953.
Entrou com José Dias Coelho para a clandestinidade, como quadro do PCP, em inícios de 1955. Em 19 de dezembro de 1961 o seu companheiro, José Dias Coelho, foi assassinado pela PIDE.
De meados de 1962 a 1964, trabalhou em Moscovo com Álvaro Cunhal. Findo esse período foi reforçar a redação da "Rádio Portugal Livre". Em 1968, regressou à clandestinidade em Portugal.
Em 1969 fez da parte da direção da Organização Regional de Lisboa do PCP, com vista às eleições legislativas que se iam realizar.
Em 1970 passou a ser companheira de Carlos Costa e a trabalhar com ele no apoio ao trabalho de direção da Organização Regional do Norte do PCP. Em 1974, passou a ser membro do Comité Central do PCP. E, em meados de 1975, regressou a Lisboa e fez parte da Direção Regional de Lisboa do PCP e do seu Secretariado.
Em 1976 passou a trabalhar diretamente com Álvaro Cunhal, responsável na Comissão Política pelas questões da Agricultura, tendo a seu cargo a Comissão junto do Comité Central para os pequenos e médios agricultores e a responsabilidade do gabinete técnico da agricultura e campesinato (GTACA). Participou na Comissão junto do Comité Central para a Reforma Agrária. Foi deputada do círculo eleitoral do Algarve do PCP na 3ª e 4ª legislaturas.
Margarida Tengarrinha é autora dos livros “Samora Barros, pintor do Algarve”, editado pela Região do Turismo do Algarve; “Da Memória do Povo - recolha da tradição oral do concelho de Portimão”, editado pela editora Colibri com o apoio da Câmara Municipal de Portimão; “Quadros da memória”, editado pela editorial Avante!, e “Memórias de uma Falsificadora - A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal”, Edições Colibri.
Fez ainda ilustrações para dois livros: "Um Algarve outro, contado de boca em boca: estórias, ditos, mezinhas, adivinhas e o mais", texto de Glória Marreiros (1999) e "Leonor Leonoreta : ensaio de ternura : novela poética", texto de Filipe Chinita (2015).
Fez parte da presidência honorária do Conselho Português para a Paz e Cooperação e colaborou na homenagem a Maria Lamas realizada pelo MDM, em maio de 2004, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett do Porto, com intervenção nesse congresso.
Em 2014, foi-lhe atribuído pela Direção Regional da Cultura do Algarve o prémio “Maria Veleda”, pelo percurso de vida ligado à cultura, à defesa dos direitos da mulher e à cidadania.
Comunista convicta até à sua morte, Margarida Tengarrinha não se coibiu de estabelecer pontes com o Esquerda.net e o Bloco de Esquerda. Em 2017, participou no projeto do Esquerda.net Mulheres de Abril, que compila relatos, na primeira pessoa, de mulheres antifascistas sobre a sua história de resistência e de luta contra a ditadura. No âmbito deste projeto, deixou-nos um valioso testemunho sobre uma vida de luta inabalável contra o fascismo, pela Paz e pela Liberdade.
Também em 2017, Margarida Tengarrinha foi uma das oradoras, a par de Joana Lopes, do painel “Mulheres de Abril” do Fórum Socialismo 2017, do Bloco de Esquerda.
Em 2020, voltou a colaborar com o Esquerda.net, desta vez com um texto integrado no projeto Confinamento(s) em tempo de ditadura, que reuniu testemunhos de resistentes antifascistas sobre o seu quotidiano na prisão e/ou na clandestinidade e as estratégias que encontraram para combater o isolamento.
Em 2021, participou ainda no podcast Convocar a História, publicado no Esquerda.net, numa conversa sobre o PCP e as mulheres.
A defesa intransigente dos valores em que acreditava, a sua abertura e capacidade de diálogo marcaram quem teve o privilégio de conhecer Margarida Tengarrinha. Bem como a sua força invejável. Com 90 anos, Margarida Tengarrinha cumpriu o seu sonho de voar em parapente. À época, escrevia na sua página de Facebook: “Estamos sempre a tempo de levar à prática os nossos sonhos, seja qual for a idade que tenhamos”.
O Esquerda.net e o Bloco de Esquerda endereçam à sua família, camaradas e amigos as mais sentidas condolências pela sua morte.
Na próxima terça-feira, dia 31 de outubro, a partir das 9.30, o corpo de Margarida Tengarrinha estará em câmara ardente na Casa Mortuária da Igreja do Colégio em Portimão. Às 12h30 sairá para o crematório de Albufeira onde a cremação será às 14h00.