As grandes empresas espanholas da energia têm tentado fazer pressão para que a central nuclear de Almaraz não feche no prazo estabelecido. Em abril, o Governo do Estado vizinho tinha finalmente aprovado o início do processo de encerramento desta, a ocorrer até 2027. A estas empresas juntou-se a direita, com o Partido Popular a apresentar um projeto de lei no sentido de prolongar a vida útil das centrais nucleares em Espanha.
Agora, 70 associações e partidos dos dois lados da fronteira respondem através de um manifesto que defende que Almaraz feche mesmo dentro do prazo. Pretendem ainda que o encerramento seja acompanhado com um plano de emprego nos municípios abrangidos.
O documento intitulado “Por uma Extremadura Sem Nucleares – Não ao Prolongamento de Almaraz” foi apresentado esta quarta-feira em conferências de imprensa em Lisboa e em Mérida. António Eloy, coordenador do Observatório Ibérico de Energia, uma das entidades subscritoras, justificou à Lusa a sua pertinência afirmando que a opinião pública “tem de continuar atenta” a este processo até porque se trata de “uma nuclear perto de Portugal que pode criar problemas e que vai criar cada vez mais problemas, porque está velha”.
Para além do emprego, as preocupações ambientais quanto ao decorrer dos trabalhos também se contam entre as preocupações destes movimentos. Assim, exige-se ao governo espanhol que “ponha em marcha a construção de um armazém geológico em profundidade” que permita que os detritos acumulados fiquem isolados durante milhares de anos por rochas. Querem que este seja “pago integralmente pelas companhias elétricas”.
Pretendem ainda a “restauração ecológica do local da central, uma vez terminada a fase de desmantelamento e o período de vigilância que confirme a inexistência de riscos residuais”.
Do lado português, dois partidos subscrevem a declaração, Bloco de Esquerda e Livre. Mas o grosso das subscrições é de organizações ambientalistas como a Campo Aberto – Associação de Defesa do Ambiente, a FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, a GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Iris – Associação Nacional de Ambiente, a Pró-Tejo e a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável.