Energia nuclear

Ambientalistas saúdam “primeiro passo” para desmantelar Almaraz

27 de junho 2024 - 15:55

O Movimento Ibérico Antinuclear congratula-se com o anúncio do lançamento do concurso para fechar a central nuclear perto da fronteira portuguesa mas diz que só descansa quando os dois reatores deixarem de funcionar e o desmantelamento estiver feito com toda a segurança.

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Central Nuclear de Almaraz.
Central Nuclear de Almaraz. Foto de jepeto | Flickr.

O Movimento Ibérico Antinuclear congratulou-se esta quinta-feira com o anúncio do lançamento do processo contratual para o encerramento da central nuclear espanhola de Almaraz feito pela empresa pública espanhola ENRESA, a responsável pela gestão de resíduos radioativos. De acordo com o planeado, a Unidade I vai fechar em novembro de 2027 e a Unidade II em outubro de 2028.

À Lusa, José Janela, da Quercus, uma das organizações que fazem parte do movimento, diz que se trata de “um primeiro passo e que o governo de Espanha está a ir no bom caminho”. Mas para ele “o dia da vitória será quando os dois reatores deixarem de funcionar e é necessário que a central seja desmantelada com toda a segurança”.

Os ambientalistas não esquecem os trabalhadores destas instalações e defendem que seja feito um plano social para a sua reconversão profissional, acompanhado da criação de “empregos verdes e dignos para todos”.

O MIA considera que esta central nuclear que foi construída em 1981 na região de Cáceres, numa zona de risco sísmico e a 110 quilómetros de Portugal, “constitui um perigo para Espanha e também para Portugal”. Defende que o seu prazo de funcionamento “não deveria ter sido prolongado” e garante que “iremos todos continuar atentos a todo o processo”. Até porque se estima que o processo se arraste por cerca de dez anos depois do encerramento oficial e que mesmo este não está totalmente decidido.

A central nuclear, que é propriedade da Iberdrola (53%), da Endesa (36%) e da Naturgy (11%), fez saber que trabalha em “dois cenários possíveis”, sendo um aquele adiantado por este concurso e no calendário acertado, o encerramento em 2027 e 2028, e em mais um possível adiamento.

O encerramento enfrenta a oposição de várias figuras políticas locais. Poucas horas antes do anúncio do contrato, escreve o jornal local Naval Moral Hoy, a presidente da Junta da Extremadura, María Guardiola, do PP, no discurso de abertura do Debate sobre o Estado da Região, instava os outros grupos políticos a tomar posição em defesa da continuidade do funcionamento da central nuclear de Almaraz. Do outro lado do espetro político, o alcaide de Almaraz, Juan Antonio Díaz, do PSOE, reagiu à notícia reafirmando a sua esperança de que a central nuclear não feche. Assegura que a decisão final ainda tem de ser tomada pelo Centro de Segurança Nuclear e que esta só será tomada no final do ano. Outros presidentes de Câmara da região apoiam esta posição, alegando que a central é o maior empregador e o seu fim trará desemprego. Por isso, organizam uma manifestação no próximo sábado para defender a continuidade do nuclear.

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