O Bloco de Esquerda reuniu esta terça-feira com o governo no seguimento das negociações do Orçamento do Estado para 2025. Mariana Mortágua, que já tinha clarificado que o partido não aprovaria este orçamento, frisou que as divergências surgem na política fiscal, mas também na saúde, na habitação e na TAP.
Segundo a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, a política fiscal do governo “terá um impacto orçamental já em 2025 gigantesco. €1000 milhões é o impacto só do IRS Jovem”. As alterações ao IRC e ao IRS Jovem têm sido criticadas pelos partidos à esquerda por serem vendidas como uma bala de prata para a economia, apesar de beneficiarem só as camadas mais ricas da população.
Fórum Socialismo 2024
“Quem viabiliza o Orçamento da direita, suporta o governo da direita”
Mas as divergências do Bloco de Esquerda com o caminho político escolhido para o país não terminam aí. “Na saúde, temos a notícia da entrega de centros de saúde a unidas privadas de saúde que depois vão competir com o SNS para contratar médicos de família”, afirmou a dirigente bloquista. “Temos o pagamento de dezenas de milhões de euros a hospitais privados para poderem fazer atendimento que devia estar a ser feito no SNS”.
Também na habitação, Mariana Mortágua criticou a política do governo, que tem sido “privilegiar o alojamento local, privilegiar a especulação, retirar as poucas regulamentações que havia, e deixar cada pessoa que hoje não consegue encontrar casa desamparada e sem qualquer solução”.
Um dos assuntos levados para a reunião pelos deputados do Bloco de Esquerda foi a privatização da TAP, não só pelo impacto orçamental que possa ter, mas também pelas informações que foram noticiadas recentemente sobre a forma como a TAP foi capitalizada com o próprio dinheiro. “O que nos foi respondido é que a intenção de privatizar a TAP se mantém”, explicou a coordenadora do BE. “Consideramos que Miguel Pinto Luz não tem quaisquer condições para assegurar ou para gerir este processo, que o governo diz que está em aberto”.
Por todas estas incompatibilidades com a política do governo, Mariana Mortágua considerou que “há um caminho que o governo escolheu para o país, e é errado. E confirma que vamos ter um mau Orçamento do Estado em áreas cruciais”.
A aprovação do Orçamento do Estado para 2025 está incerta, uma vez que o PSD e o CDS sozinhos não têm votos suficientes para o fazer aprovar. A Aliança Democrática está à procura de apoios entre os partidos à sua direita e o Partido Socialista.