A partir deste mês, os utentes do SNS deixam de ter acesso ao site da internet que mostra quais as urgências, sobretudo obstétricas e pediátricas, que se encontram fechadas por falta de meios e profissionais. Segundo o semanário Expresso, esta foi uma orientação dada pelo Ministério da Saúde às unidades do SNS, para que enviem as suas escalas de cuidados a agudos para a Linha SNS 24 e sem o divulgarem ao público.
Além desta medida, o planeamento passa a ser feito apenas mensalmente, quando até agora era divulgado à população num mapa online trimestral, de forma a que os utentes soubessem com o que contar nos três meses seguintes.
Questionado sobre a razão de passar a esconder da população quais as urgências que estão encerradas, o gabinete da ministra Ana Paula Martins respondeu que “consideramos que a publicação e necessidade de consulta pelos utentes de mapas estáticos não constitui a melhor resposta e situações de urgência.” Ou seja, a partir de agora as grávidas e pais de crianças que precisem de recorrer a uma urgência pediátrica terão de ligar para as linhas SNS Grávida ou SNS24 para ficarem a saber se a urgência mais próxima esta aberta ou fechada.
Entretanto continua o agravamento dos constrangimentos das urgências hospitalares, em particular na região de Lisboa. Segundo divulgou a RDP, na manhã desta quarta-feira, no Hospital Beatriz Ângelo os doentes com pulseira amarela esperam mais de 16 horas quando deviam ser atendidos em 60 minutos. No Amadora-Sintra, o tempo de espera das pulseiras laranja é de mais de hora e meia quando devia ser de 10 minutos e o das pulseiras amarelas é de mais de 9 horas No Hospital de Santa Maria, os doentes com pulseiras amarelas estão a esperar mais de cinco horas.
Viseu: Petição recolheu 13 mil assinaturas contra o encerramento noturno das urgências pediátricas
Por ordem do Governo, alegando falta de médicos, as urgências pediátricas do Centro Hospitalar Tondela - Viseu / Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões passaram a encerrar no período noturno desde o passado sábado. Nesse mesmo dia, o Dia Mundial da Criança, centenas de utentes juntaram-se à manifestação convocada pelo movimento Unidos pelas Crianças. Agora, a petição contra o encerramento já reuniu mais de 13 mil assinaturas, quase o dobro necessário para obrigar a um debate na Assembleia da República, onde os peticionários esperam entregar a iniciativa em breve.
Helena Fonseca, uma das promotoras do movimento e da petição, disse à agência Lusa que "a gravidade da situação não deixa que se fique de braços cruzados". A petição lembra também que durante a campanha eleitoral, o agora ministro da Presidência António Leitão Amaro foi à porta da urgência daquele hospital defender que o país "precisa de uma saúde que funcione para todos os portugueses”, contestando o encerramento exterior das urgências pediátricas nas noites dos fins de semana a partir de 1 de março.
O atual governante do PSD “condenou o fecho e justificou que a unidade de Viseu é a segunda maior da região Centro, servindo cerca de meio milhão de pessoas. Insistiu numa necessária mudança... e os portugueses responderam nesse sentido. Mas, nem três meses depois, a situação não só não mudou, como ainda piorou", lê-se na petição.