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Governo garante a Bruxelas que vai continuar a apertar o cinto

Em resposta aos apelos da Comissão para que os países comecem a retirar as medidas criadas para enfrentar a perda do poder de compra, Fernando Medina disse que o Governo vai "ajustar" os seus apoios anticrise.
Fernando Medina e o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, esta segunda-feira em Bruxelas. Foto União Europeia

A Comissão Europeia recomendou recentemente aos países da União Europeia que retirassem no próximo ano as medidas de apoio que concederam às famílias face ao choque inflacionista e à perda de poder de compra, que se tem feito sentir em especial entre os mais pobres.

Face a estas recomendações, o governo português fez questão de se mostrar alinhado com a Comissão. À margem de uma reunião do Eurogrupo, o ministro das Finanças Fernando Medina disse aos jornalistas presentes que o Governo vai “ajustar” – leia-se, reduzir – os apoios.

“Temos de fazer uma adequação das medidas face à nova realidade com que estamos confrontados”, disse Fernando Medina. A expectativa é que o governo se comprometa com os cortes nos apoios no Programa de Estabilidade que tem de apresentar à Comissão dentro de um mês. Nesse programa, em que se apresentam as previsões sobre a evolução dos principais indicadores macroeconómicos nos próximos anos, os governos definem também os princípios orientadores da política orçamental.

Tendo em conta que a inflação parece estar a abrandar na Zona Euro, a Comissão quer que os países acabem com os apoios e reduzam a despesa. Recorde-se que, no próximo ano, as regras orçamentais que restringem a despesa pública e penalizam os países incumpridores voltarão a estar em vigor, por decisão da própria Comissão.

O ministro das Finanças justifica a necessidade de apertar o cinto com o "estado mais positivo dos mercados de energia", que "aconselha a que os recursos sejam concentrados nos mais vulneráveis". No entanto, é preciso ter em conta que a inflação nos bens alimentares continua a subir e atingiu em fevereiro o valor mais alto dos últimos 30 anos.

"Depois de um ano em que os salários reais caíram mais de 5% e numa altura em que cresce o número de greves no país face à perda de poder de compra, o governo que recusou aumentos salariais em linha com a inflação garante a Bruxelas que vai continuar a apertar o cinto", sublinhou o eurodeputado bloquista Jose Gusmão nas redes sociais..

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