Marisa Matias interveio esta quinta-feira no plenário do Parlamento Europeu sobre a tragédia ambiental provocada pela queda de seis contentores de um cargueiro com bandeira da Libéria a cerca de 80 quilómetros de Viana do Castelo. Um desses contentores rebentou, derramando nas águas mil sacos (cerca 25 toneladas) contendo pellets, pequenas bolinhas brancas usadas na fabricação de plástico. Alguns destes sacos começaram a dar à costa nas praias da Galiza em dezembro de 2023. Entretanto, no final de dezembro começaram a chegar às praias da Galiza enormes quantidades de bolinhas de plástico, provenientes de sacos que terão rebentado.
"Tal como aconteceu na maré negra do Prestige há quase 20 anos, a inércia e incompetência das autoridades galegas do PP é inaceitável", afirmou a deputada agradecendo também "a clareza dos deputados da direita espanhola", como o do Vox que a tinha antecedido, por mostrarem não só "a confirmação do negacionismo ambiental como o desprezo total pelas pessoas que estão a sofrer".
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Para a eurodeputada bloquista, "a poluição dos nossos ecossistemas marítimos por microplásticos não pode ficar impune nem na Galiza nem em nenhuma parte do planeta". O grupo da Esquerda no Parlamento Europeu defendeu um regulamento ambicioso destinado a evitar as perdas de pellets e a poluição por microplásticos, através do reforço da diretiva, alterando-a para incluir todos os granulados de plástico (também pós, poeiras e flocos), e todos os operadores, além de aumentar os requisitos e obrigações dos operadores económicos e das autoridades responsáveis.
A Esquerda quer também mais transparência e responsabilidade, com a obrigação de todos os fornecedores e agentes que manuseiam pellets de comunicar as perdas e reparar os danos. E eliminar o limite de tonelagem para as empresas serem obrigadas a apresentar uma declaração de conformidade. Enquanto a proposta da Comissão é de 1000 toneladas, a proposta do relator é de 250 toneladas. A Esquerda considera este valor demasiado elevado, uma vez que 1 tonelada corresponde a 50 milhões de pellets. Por fim, o grupo parlamentar da Esquerda defende a aprovação de medidas de reparação e recuperação dos ecossistemas afetados e que evitem o dumping ambiental no transporte de pellets.
Pellets de plático chegaram à costa portuguesa, Bloco questiona Governo sobre intervenção urgente
Além da carta assinada também por Marisa Matias e José Gusmão e dirigida à Comissão Europeia, o Bloco de Esquerda questionou igualmente o Governo português, numa altura em que as bolinhas de plástico já são visíveis no Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), que se estende ao longo de 16 quilómetros entre a foz do rio Neiva e a zona da Apúlia.
O Bloco de Esquerda considera que esta situação constitui "um problema gravíssimo para o ambiente, para os oceanos, para os animais e para as praias que carece de intervenção urgente". Na Galiza como agora em Portugal as populações estão a mobilizar-se para tentarem limpar as praias, "tarefa particularmente difícil e extenuante porque as bolinhas de plástico são muito pequenas e confundem-se com a areia mais grossa". Por isso, o Bloco considera fundamental que haja "intervenção especializada e acompanhamento urgente desta situação" por parte das autoridades públicas.
No requerimento dirigido ao ministro Duarte Cordeiro, o Bloco de Esquerda quer saber que medidas serão tomadas para acompanhar a situação, quais os meios a ser ativados para a limpeza das praias e qual a articulação emcurso com as autarquias e o Parque Natural afetado.