FNAM convoca greves e acusa Governo de "virar costas a médicos e utentes

12 de setembro 2023 - 19:30

A Federação Nacional dos Médicos acusa o Governo de ter "esvaziado unilateralmente as negociações" e convocou uma greve nacional para 17 e 18 de outubro, que se soma à anteriormente convocada para 14 e 15 de novembro.

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Manifestação de médicos
Foto FNAM/Facebook

No fim da última ronda negocial com o Ministério da Saúdee perante a recusa do Governo em negociar as propostas apresentadas pelos sindicatos, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta terça-feira não ter "outra alternativa senão continuar e aprofundar as formas de luta, no volume e intensidade necessários para travar um pacote legislativo que vai agravar os problemas no SNS". Para isso, a somar aos dois dias de greve já marcados para 14 e 15 de novembro, com concentração à porta do Ministério da Saúde no dia 14, a FNAM decidiu marcar mais dois dias de greve nacional, a 17 e 18 de outubro, com concentrações regionais de médicos à frente das unidades de Saúde. E convidam as restantes organizações médicas e de saúde, de profissionais e utentes a juntarem-se numa plataforma de luta conjunta em defesa da carreira médica e do SNS.

“Queremos um ministro que perceba de Saúde”, afirma a FNAM em comunicado, citando a palavra de ordem que o então médico e atual ministro Manuel Pizarro entoava nas manifestações de 1992 contra o então titular da pasta da Saúde do governo de Cavaco Silva.

Governo é "hábil a ludibriar os médicos e a opinião pública"

Ao fim de 16 meses de negociações, a FNAM acusa o Governo de se recusar a incorporar as principais propostas dos médicos, prosseguindo agora unilateralmente o caminho legislativo "com um prejuízo sem precedentes na carreira médica e do Serviço Nacional de Saúde".

Os médicos apontam a falta de competência do Governo em conseguir um acordo sobre os temas do protocolo negocial assinado com os sindicatos, mas dizem que ele é "hábil a ludibriar os médicos e a opinião pública", ao anunciar aumentos de 917 euros quando eles se ficam pelos 107 euros "no caso da esmagadora maioria dos médicos nos regimes vigentes". A "generalização de um modelo de USF economicista que limita a prescrição de exames e medicamentos" e a "dedicação plena que piora as condições de trabalho dos médicos, os exclui dos acordos de contratação coletiva, e prejudica os doentes" são outros exemplos dessa manipulação, acusam.

Ao mesmo tempo que falta vontade política ao Governo para resolver a carência de médicos no SNS, ele "é engenhoso na cativação do investimento do Orçamento de Estado para a Saúde para chegar às contas certas, escolhendo não investir nos seus profissionais". Desta forma, a FNAM "repudia esta escolha autoritária e irresponsável do Governo, que virou costas não só aos médicos, mas também aos utentes".

"Este não era o resultado que desejávamos nem pelo qual temos vindo a lutar, mas o Governo não se mostrou à altura das suas responsabilidades e das necessidades do SNS, e continuará a encerrar serviços, desperdiçando soluções para fixar médicos, reforçar o SNS, e evitar o êxodo dos seus profissionais para o setor privado e estrangeiro em busca de salários dignos e melhores condições de trabalho" aponta a FNAM.