De acordo com o Guardian, Ernest Moret, 28, editor da Éditions La Fabrique, foi abordado por dois polícias à paisana na estação St Pancras na noite de segunda-feira, após chegar de comboio de Paris para participar da feira do livro de Londres.
Ernest Moret foi interrogado durante seis horas sobre a sua participação nos protestos contra a reforma das pensões aprovada pelo governo de Emmanuel Macron, e depois preso por se recusar a revelar as passwords do seu telefone e computador. O editor só foi libertado terça-feira sob fiança.
Stella Magliani-Belkacem, diretora editorial da Éditions La Fabrique, com sede em Paris, acompanhava Moret na altura, e explicou como tudo aconteceu: "Quando estávamos na plataforma, duas pessoas, uma mulher e um homem, disseram-nos que eram polícias anti-terrorismo. Mostraram um documento chamado secção 7 da Lei do Terrorismo de 2000 e disseram que tinham o direito de fazer perguntas sobre as manifestações em França".
"Ainda estou a tremer. Estamos em choque com o que aconteceu”, acrescentou.
Em comunicado de imprensa, a Verso Books e a Éditions La Fabrique repudiam a atuação das autoridades britânicas: "Os agentes da polícia afirmaram que Ernest tinha participado em manifestações em França como justificação para este ato - uma declaração notavelmente inadequada para um agente da polícia britânica e que parece indicar claramente a cumplicidade entre as autoridades francesas e britânicas nesta matéria", lê-se no documento.
As editoras consideram que as ações da polícia “são violações escandalosas e injustificáveis dos princípios básicos da liberdade de expressão e um exemplo do abuso das leis anti-terrorismo".
Já a associação de escritores Pen International afirmou estar "profundamente preocupada" com o facto de Moret estar a ser detido por ligação a terrorismo.