Franceses nas ruas dizem que "a luta está longe de terminar

13 de abril 2023 - 17:48

Pela décima segunda vez, centenas de milhares de franceses manifestaram-se contra a reforma das pensões. Sexta-feira é anunciada a decisão do Conselho Constitucional que pode validar ou chumbar a lei.

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Manifestação em Paris. Foto L'Insoumission/Twitter

"Ao contrário do que o Governo esperava, o movimento não acabou", afirmou em Paris a nova secretária-geral da CGT, Sophie Binet, prometendo que Macron "não conseguirá governar o país enquanto não retirar esta reforma" que pretende aumentar em dois anos a idade de reforma dos trabalhadores. Também o líder da CFDT, Laurent Berger, assegurou que "a luta está longe de terminar", prevendo a realização de "grandes manifestações populares no 1º de Maio".

Na véspera, Emmanuel Macron tinha afirmado durante uma visita aos Países Baixos que esta disposto a discutir com os sindicatos assim que seja conhecida a decisão do Conselho Constitucional esta sexta-feira sobre a lei aprovada à margem do Parlamento. "Tenho vontade de dizer 'LOL'", reagiu Sophie Binet a esta proposta presidencial. Por seu lado Laurent Berger defende um compasso de espera após a aguardada decisão do Conselho Constitucional, sugerindo que pode existir o recurso ao artigo 10 para permitir ao Parlamento uma nova votação.

A sede do Conselho Constitucional foi um dos alvos do protesto desta quinta-feira, com os manifestantes a exigirem o chumbo da reforma das pensões e a bloquearem a entrada do edifício com caixotes do lixo e uma faixa onde se lia "Sejam sábios, chumbem!".

Outro ponto de passagem do protesto foi a sede do grupo de artigos de luxo LVMH, que na véspera anunciou um crescimento dos lucros e tem como líder Bernard Arnault, que recentemente se tornou o homem mais rico do mundo, ultrapassando Elon Musk. "Viemos simbolicamente e pacificamente sugerir ao governo que vá buscar o dinheiro aos bolsos dos bilionários", afirmou ao Le Monde um ferroviário sindicalista do SUD.

Nas ruas de França, a mobilização baixou face à semana passada, mas continua elevada tendo em conta a duração destes protestos, com os sindicatos a estimarem a presença de 400 mil manifestantes em Paris, 130 mil em Marselha, 70 mil em Toulouse, 40 mil em Bordéus, 25 mil em Nantes, 22 mil em Lyon, 20 mil no Havre, 17 mil em Brest, 15 mil em Rennes, St. Etienne, Nice e Avignon, 10 mil em Montpellier e Clermont-Ferrand e 9 mil em Rouen e Estransburgo. Além das greves e manifestações, houve escolas bloqueadas e cortes de estradas. Também foram bloqueadas várias instalações de recolha e tratamento de lixo na região parisiense, impedindo a saída dos camiões. Em Aubervilliers, a polícia carregou sobre o piquete e deteve algumas pessoas, como testemunhou o deputado da França Insubmissa Bastien Lachaud.

 

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