Economia portuguesa é das que mais recursos naturais consome

05 de junho 2023 - 12:39

No Dia Mundial do Ambiente, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Pordata divulgam alguns dados estatísticos sobre a evolução do país quanto às questões ambientais.

PARTILHAR
Foto Nuno Morão/Flickr

No Sul da Europa, a economia portuguesa destaca-se como a que mais recursos naturais consome na orla mediterrânica, acima da média europeia e muito mais do que Espanha, dizem os dados da Pordata e da Agência Portuguesa do Ambiente compilados para assinalar o Dia Mundial do Ambiente esta segunda-feira.

Os números citados pela agência Lusa indicam que em 2021 Portugal consumiu cerca de 174 milhões de toneladas de materiais (segundo o Eurostat, o INE indica 163,9 milhões), o equivalente a 16,9 toneladas por habitante, quando o valor da média europeia não vai além das 14,1 toneladas por habitante. Esse número, indica a Pordata, é 86% superior ao consumo de materiais de Espanha, de 9,1 toneladas por habitante.

A maior parcela destes materiais (63%) são minerais não metálicos consumidos sobretudo pelo setor da construção. O seu valor máximo atingiu as 242 milhões de toneladas em 2008, com a crise económica a reduzir bastante esse consumo, que entretanto estabilizou em torno dos valores atuais. Fazendo as contas à produtividade destes recursos (o quociente entre o Produto Interno Bruto e este Consumo Interno de Materiais) ela atingiu em 2013 o seu máximo de 23%, caindo em seguida para 14% em 2021.

No que diz respeito às emissões e gases com efeito de estufa, Portugal encontra-se bem colocado quando comparado com os restantes países europeus, tendo reduzido as emissões em 35% face a 2005, mais onze pontos percentuais do que a média da União Europeia. No nosso país as emissões têm baixado na generalidade dos setores da economia, com exceção da agricultura, cujas emissões aumentaram 4,7% em relação a 2005.

A energia e os transportes são responsáveis por cerca de metade das emissões de gases com efeito de estufa em Portugal. A energia fóssil representa 65% do cabaz, com 40,6% vinda do petróleo e 23,6% do gás natural em 2021. Desde o início do século, o peso do carvão baixou de 15% para menos de 1% do total e o petróleo caiu mais de 20 pontos percentuais, com o gás natural e as renováveis a ocuparem o seu espaço. Na produção de energia elétrica, desde 2018 que mais de metade tem como fonte as energias renováveis, que em 2021 representaram 64,9% do total da eletricidade produzida.

Pior desempenho teve o setor dos resíduos em comparação com o resto da Europa, ao representar em Portugal o triplo (9%) da fatia do total de emissões de gases com efeito de estufa da média da UE, que ronda os 3%. Em 2020 cada pessoa produziu em média no nosso país 1,4 quilos de lixo por dia. Portugal afastou-se mesmo da média europeia no que toca à produção de resíduos per capita, com um aumento de 46% desde 1995, enquanto na UE esse aumento se ficou em média pelos 12%.

No capítulo da deposição de resíduos em aterro, Portugal continua com o dobro da média europeia, que está em 23%. E enquanto na UE a reciclagem era em 2021 o principal destino dos resíduos, com 30%, em Portugal ela representa ainda apenas 13%, o equivalente à média europeia de há 30 anos. A Pordata sublinha que o ponto de partida no destino dos resíduos era em 1995 muito diferente na comparação com a Europa, pois nesse ano Portugal destinava 90% dos resíduos para aterros e reciclava apenas 1%, quando as médias europeias eram de 65% e 12%, respetivamente.