Em conferência de imprensa, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, reviu as previsões sobre o crescimento económico da zona euro em 2019. A nova previsão de crescimento é de 1,1%, enquanto a anterior de dezembro passado era de 1,7%. Trata-se da maior revisão em baixa feita pelo BCE no início de um ano, no tempo da atual presidência.
“Num quarto escuro, temos de nos mover com passos pequenos. Não correremos, mas movemo-nos”, declarou Mario Draghi para ilustrar a situação.
Draghi: In a dark room you move with tiny steps. You don’t run but you do move.
— European Central Bank (@ecb) 7 de março de 2019
Na conferência de imprensa, Mario Draghi, que abandonará a presidência do BCE em outubro próximo, anunciou as medidas que o BCE tomou face à situação de “quarto escuro”.
Assim, o BCE decidiu manter as taxas de juro zero, ou negativas, pelo menos até ao final do ano. Esta decisão altera anteriores orientações que previam o início do crescimento das taxas de juro ao longo de 2019. Esta manutenção das taxas de juro baixas poderá mesmo ser prolongada até ao primeiro trimestre de 2020. Segundo o Dinheiro Vivo, “vários membros do conselho de governadores propuseram estender este calendário”, de manutenção das taxas de juro zero ou negativas “até março do ano que vem”. Com estas medidas, Draghi abandonará a presidência do BCE sem nunca ter subido as taxas de juro.
Dinheiro barato para os bancos
Além das taxas zero, o BCE decidiu uma nova linha de financiamento barato aos bancos.
“Será lançada uma nova série [a terceira] de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas trimestrais (ORPA direcionadas III ou TLTRO III na sigla em inglês), que terá início em setembro de 2019 e terminará em março de 2021, tendo cada operação um prazo de dois anos. As novas operações ajudarão a preservar condições de financiamento bancário favoráveis e a transmissão regular da política monetária”, anunciou Draghi.
O presidente do BCE explicou que os TLTRO “são operações que permitem aos bancos pedir emprestado ao BCE em condições mais favoráveis do que as que existem no mercado, se não houvessem esses subsídios [do BCE] ninguém aceitaria aderir aos TLTRO”.
Segundo o Banco de Portugal, citado pelo Dinheiro Vivo, “no total das oito operações da primeira série de TLTRO, o montante colocado na área do euro foi de 432 mil milhões de euros; em Portugal, foram alocados a estas operações 12 mil milhões de euros”.
O BCE não reinicia o programa de compra de ativos Quantitative Easing (QE), que terminou em 2018, mas procura com as medidas anunciadas manter o objetivo desse programa.
O BCE teme a "persistência das incertezas" no comércio mundial, nomeadamente a guerra entre os EUA e a China, o risco de recessão, a deflação e a situação dos bancos, nomeadamente as grandes dificuldades por grandes bancos como o Deutsche Bank, que encetou novas negociações para a possível fusão com o Commerzbank.