“Bancos têm de abdicar de pequena parte de lucros escandalosos para baixar crédito à habitação”

29 de julho 2023 - 13:29

Em vez de pôr “os contribuintes a pagar os lucros” da banca, Mariana Mortágua defende que o Governo tem de obrigar “os bancos a baixar as taxas do crédito à habitação como contrapartida dos seus lucros”. Bancos amealharam 11 milhões de euros por dia no primeiro semestre.

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Fotografia de Paulo Novais, Lusa.

Ficámos a saber que “os bancos ganham 11 milhões de euros por dia em lucros. Todos os bancos aumentaram estrondosamente os seus lucros. O BCP é o que mais aumenta, são 2 mil milhões de lucros só no primeiro semestre deste ano”, assinalou Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas no Liberdade - acampamento de jovens do Bloco de Esquerda, no Parque de Campismo de São Gião, Oliveira do Hospital.

“Estes lucros têm uma razão muito básica. Eles são o resultado e o reverso do aumento dos juros do crédito à habitação das famílias”, continuou.

A coordenadora do Bloco defendeu que os bancos devem abdicar de uma pequena parte dos seus lucros “escandalosos”, permitindo baixar as prestações do crédito à habitação das famílias.

“Ficámos a saber também que a prestação da casa subiu em 80% para pessoas com crédito à habitação. Este é o Portugal em que vivemos: um país em que os bancos foram limpos com o dinheiro do Estado, como é o caso escandaloso do Novo, que recebeu uma garantia de 4 mil milhões de euros de dinheiro público e está a dar centenas de milhões de euros de lucro ao seu acionista privado por conta do aumento dos juros que empobrece a população portuguesa”, referiu ainda Mariana Mortágua.

A dirigente bloquista afirmou que estamos perante um verdadeiro “assalto às pessoas com crédito à habitação”.

Mariana Mortágua criticou a falta de medidas para responder às famílias: “Vemos o Presidente da República e o Primeiro Ministro a pedir aos bancos um pouco de simpatia e compreensão pela vida das pessoas. Não é assim que se vai resolver o problema”.

“Ao contrário do que o Governo tem feito, pondo os contribuintes a pagar os lucros da banca subsidiando taxas de juro que são, por si, um escândalo”, é preciso “criar medidas que obriguem os bancos a baixar as taxas do crédito à habitação como contrapartida dos seus lucros”, destacou a coordenadora do Bloco.

Esta semana foram divulgados os resultados da banca no primeiro semestre do ano, que mostram que Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium BCP, Santander Portugal, Novo Banco e Banco BPI, juntos, amealharam lucros líquidos de 1994 milhões de euros.

Este é um desempenho inédito na história recente da banca nacional, com a a margem financeira dos cinco maiores bancos portugueses a crescer, entre janeiro e junho deste ano, 1799,5 milhões de euros em relação ao período homólogo.

JMJ: Mariana Mortágua denuncia “falta de preparação” do Governo

Questionada sobre a forma como estão a decorrer os preparativos para as Jornadas Mundiais da Juventude, Mariana Mortágua referiu que o Governo está a gerir os trabalhadores do Estado “com o maior autoritarismo”, e está a recorrer a ajustes diretos marcados pela falta de transparência.

Tudo se deve, conforme sublinhou a dirigente bloquista, à “falta de preparação” do executivo socialista.

Suspeitas que recaem sobre João Cravinho são "muito graves"

Sobre o caso de João Cravinho, que terá omitido informações importantes quando foi prestar esclarecimentos ao Parlamento sobre a comissão fantasma para decidir questões da Defesa e o contrato com Marco Capitão Ferreira para um estudo, por 60 mil euros, feito em cinco dias, Mariana Mortágua realçou que as suspeitas que recaem sobre o governante, de ter utilizado este contrato para remunerar o trabalho da comissão informal sem qualquer transparência, são “muito graves".

Segundo defendeu, António Costa deve prestar esclarecimentos desmentindo estas suspeitas ou, a confirmá-las, afastar o ministro João Cravinho que, dessa forma, “não tem condições de se manter no Governo”.