Os maiores bancos portugueses apresentaram aumentos de lucros no primeiro trimestre, graças à subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu. A cada dia entre o início de janeiro e o fim de março, os lucros da banca somaram dez milhões de euros.
Esta terça-feira na Assembleia da República, Mariana Mortágua defendeu que chegou a hora de os bancos que "estão a apresentar lucros astronómicos" devolverem mais depressa o que os contribuintes, através do Fundo de Resolução, lhes emprestaram para salvar algumas instituições.
Para a deputada bloquista, os lucros da banca portuguesa não se devem ao aumento da eficiência, mas apenas ao aumento das taxas de juro, "o mesmo aumento que está a penalizar quem tem crédito à habitação".
"Quando as taxas de juro estavam baixas, os bancos aumentaram as comissões bancárias. Neste momento em que os juros subiram, os bancos garantem lucros astronómicos, mantêm comissões bancárias astronómicas e não devolvem um cêntimo aos depositantes através dos depósitos a prazo ou dos depósitos à ordem", sublinhou.
Depois de ter visto chumbada uma proposta para que sempre que a taxa de esforço aumenta num determinado valor percentual, os bancos sejam obrigados a renegociar, o Bloco apresenta agora a proposta para aumentar a contribuição sobre o setor bancário, que não é atualizada desde 2016 e é canalizada para o Fundo de Resolução, "para que o Fundo devolva ao Estado todo o dinheiro que os contribuintes emprestaram para salvar vários bancos do sistema português", prosseguiu a deputada.
"Neste momento em que os bancos apresentam lucros astronómicos que vêm diretamente do esforço das pessoas que pagam o seu crédito à habitação, é apenas justo que aumente a contribuição sobre o setor bancário", uma vez que "esta verba pode servir para apoiar pessoas com dificuldade em pagar o crédito à habitação".
"Não têm de ser os contribuintes a pagar os lucros da banca" e por isso é necessário "fazer da indignação solução", resumiu Mariana Mortágua.
Questionada pelos jornalistas sobre as palavras do Presidente da República, que disse ter esperança que os bancos respondam às pessoas com dificuldades no crédito, Mariana respondeu que "mais do que desejar ou esperar, é preciso medidas concretas".
"Não é pedir por favor aos bancos que renegoceiem créditos, muito menos agradecer à banca que renegociou créditos. É impor à banca que contribua para a sociedade, uma vez que está a lucrar com a fragilidade das famílias que não conseguem pagar o crédito à habitação". E lembrou que "há muitas pessoas que não estão em risco de perder a casa, mas com o facto de terem de pagar mais 200 euros ao banco, empobreceram".