Juros a subir dão jackpot diário à banca de 10 milhões em lucros

16 de maio 2023 - 12:09

Os seis maiores bancos em Portugal lucraram 954,6 milhões de euros no primeiro trimestre, uma subida de 55% face ao período homólogo. Subida das taxas de juro e da diferença entre juros pagos e cobrados pela banca explica este aumento dos lucros.

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Foto de Paulete Matos.

Com a subida das taxas de juro pelo BCE, os bancos passaram a cobrar mais nos empréstimos que concedem. Mas mantiveram baixos os juros que pagam pelos depósitos aos seus clientes. Esta diferença fez aumentar a margem financeira em 70,3% no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo trimestre do ano passado, com CGD, Santander Totta, BPI, Millennium BCP, Novobanco e Montepio a encaixarem 2,08 mil milhões de euros.

Segundo as contas do Diário de Notícias, o maior beneficiário desta subida das taxas de juro foi o Millennium BCP com 664,6 milhões de euros recebidos desde o início de janeiro (+42,8%), seguindo-se a CGD, com 611 milhões (+129,6%), o Santander, com 267,7 milhões de euros o Novobanco, com 246,3 milhões (+84,5%), o BPI, com 206 milhões (+82%), e o Montepio, com 90,2 milhões (+70,4%).

No que respeita ao resultado líquido das contas do primeiro trimestre, a CGD lidera os ganhos e quase os duplica face ao período homólogo, com 285 milhões de lucro. Segue-se o Millennium BCP com 212 milhões (+90%), o Santander Totta com 185,9 milhões (+19,6%), o Novobanco com 148,4 milhões (+4%), o BPI com 85 milhões (+75%) e o Montepio com 35,3 milhões (+310%). Tudo somado, os seis maiores bancos lucraram 10,7 milhões de euros a cada dia entre janeiro e março, quase o dobro dos 5,5 milhões de lucro diário ao longo do ano de 2022.

As receitas dos maiores bancos pelas comissões cobradas aos clientes aumentaram 2%, num total de 640,7 milhões de euros. Millennium BCP (195,4 milhões), CGD (149 milhões) e Santander Totta (121,7 milhões) destacam-se nesta lista. Quanto ao encerramento de balcões, os seis bancos fecharam 74 nos primeiros três meses deste ano e têm menos 344 trabalhadores do que no fim de março de 2022. O Millennium BCP é o único a apresentar mais (nove) trabalhadores do que há um ano.

Se o atual rumo do Banco Central Europeu promete ainda mais lucros na banca à boleia dos juros cobrados, os bancos ainda resistem a tomar medidas para travar a fuga dos depósitos, que no primeiro trimestre foi de 7,4 mil milhões de euros. Uma fuga que se explica pela maior rentabilidade de outros produtos financeiros como os certificados de aforro, mas também por muitas pessoas decidirem transformar as suas poupanças mal remuneradas nos depósitos em amortizações antecipadas dos seus empréstimos, suavizando a despesa mensal com os juros.

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