Está aqui

Banca portuguesa lucrou mais de 5,5 milhões por dia em 2022

Ainda faltam os resultados do Novo Banco, que estará no mesmo caminho. Em quatro dos cinco maiores bancos do país, os lucros atingiram 2.000 milhões em 2022. Mas propuseram aumentos de 2,5% aos seus trabalhadores.
CGD. Foto de Paulete Matos.
CGD. Foto de Paulete Matos.

De 2021 para 2022, os lucros de quatro dos maiores bancos aumentaram 52%. Juntos, CGD, BCP, Santander e BPI tiveram lucros no ano passado acima dos 2.000 milhões de euros, ou seja 5,5 milhões ao dia.

No lote falta ainda o Novo Banco, cujos resultados são apresentados no próximo dia 9 mas que, escreve o Eco, “já se sabe” que vai ter “lucros recorde, possivelmente os melhores da banca privada”.

Estas contas são do jornal económico online, que destaca os resultados da Caixa Geral de Depósitos e do Santander Totta. A Caixa embolsou 843 milhões de lucros, entregando ao Estado “o maior dividendo da sua história”: 352 milhões de euros mais o edifício-sede, avaliado em mais de 300 milhões. O Santander duplicou resultados, chegando a mais de 600 milhões de euros mas não revelou que parte sairá para Espanha.

Abaixo deste patamar ficam BPI e BCP. O primeiro obteve 365 milhões mas 285 deles são para a empresa-sede, o espanhol CaixaBank. O segundo teve 200 milhões de euros de lucros, subiu 50% num ano, mas tem “problemas com o seu banco na Polónia”.

Entre as razões para a subida dos lucros, aquele órgão de comunicação social identifica “um ponto em comum em todos eles”: “a subida das taxas de juro, que fez a margem financeira disparar 30%”, cerca de 4,9 mil milhões de euros. Os bancos estão a cobrar juros mais altos pelos empréstimos e a pagar quase nada de juros de depósitos. A subida da margem financeira foi maior na CGD, 40%, no BCP ficou-se pelos 35%.

Outra das razões comuns dos aumentos dos lucros encontra-se na subida de comissões. Estas aumentaram 7%, chegando a 2,1 mil milhões de euros. Os empréstimos também registaram aumentos mas bem mais acentuados: 1,4%, para cerca de 180 mil milhões de euros, em geral, sendo que no BCP e Santander este fator até diminuiu.

O lucro com depósitos também aumentou, neste caso 6%, para 228 mil milhões de euros. Mas, de acordo com o ECO, o ano de 2023 começou “com uma fuga de 2,5 mil milhões de euros”, retirados ou para investir em Certificados de Aforro ou para amortizar empréstimos de habitação.

Bancários recusam propostas de aumento salarial até 3%

Apesar da subida em flecha dos lucros, as negociações salariais com os sindicatos continuam a arrastar-se, com as instituições de crédito a proporem aumentos salariais entre 2,5% e 3%.

Segundo os sindicatos MAIS, SBC e SBN, "algumas instituições já adiantaram aumentos de 4% apenas no nível e só aos trabalhadores do ativo, desprezando os reformados. E fizeram-no por ato de gestão, fora das mesas negociais". Uma atitude que os sindicatos repudiam, por entenderem que que "visa única e exclusivamente “silenciar” os poucos que já receberam, considerando que assim os Sindicatos vão desistir de lutar por aumentos dignos".

Mas "as instituições de crédito podem desenganar-se – assim não haverá acordo com o MAIS, o SBC e o SBN", avisam as direções sindicais. E dessa forma também não haverá para a banca o incentivo fiscal à valorização salarial previsto no acordo de concertação e que permite majorar em 50% as despesas com os aumentos salariais, pois o incentivo só terá lugar em caso de acordo com os sindicatos.

Termos relacionados Sociedade
(...)